segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
• Os velhos do Restelo
Eu não acho que o PSD faça assim tanta falta à nossa democracia. Talvez só um pouco menos do que Pedro Passos Coelho fará. Mas justamente porque isto é uma democracia, há quem pense diferente de mim e pode pensá-lo. E esses que se preocupam com este partido ideologicamente algo artificial deveriam talvez escutar este senhor, que é um dos seus pares mais na ribalta nos tempos mais recentes.
Eu apreciei a tirada deste rapaz. Isto porque também já usei o mesmo conceito ao falar do PSD. Na última campanha eleitoral, passeava eu uma tarde de verão na capital, a galhofar com os meus botões, e eis senão quando um jovenzito anafado, cara de MBA da Católoca, interpela-me mostrando um panfleto com a cara da Manelita F. Leite e eu viro-me p'ra ele e declinei educadamente tão generosa oferta. E rematei o curto diálogo que tinhamos entretanto entabulado afirmando-lhe que eu nunca iria votar num "velho do Restelo". Era contra a minha filosofia de vida.
E se já não alinho com "velhos do Restelo", quando estes então acumulam ainda cargos de contabilistas, aí é que a vaca vai p'ró brejo. Fazer do pressuposto "não há guito, não há guito e não há guito, prontos!" uma bandeira eleitoral foi do mais horrendo que eu já assisti na vida desta nossa senhora democracia cerca de uma década mais nova do que eu.
Julgo que se a Manela tivesse ganho as passadas eleições - cheguei a ter pesadelos desses, confesso... - o Magalhães iria por certo parar de ser distribuido aos nossos petizes.
Julgo também que foi um antepassado da Manela que terá feito o funesto lobbying junto do nosso rei que terá tido como consequência o Magalhães (Fernão de) ter tido de ir sacar os subsídios adequados à sua empresa de circum-navegação aos reis católicos de Castela.
Li que alguns analistas políticos cuidaram que Pierre Pas Lapin aludia ao prof. Marcelo quando evocou estes velhos do Restelo. Não vou por aí. Acho que era mesmo a Manela que ele visava. A Manela e aqueles que não querem o TGV a sair do papel agora. Mas depois constato que ele, P.P. Coelho também assim pensa... Atão afinal são quase todos "velhos do Restelo"! Quem é que se aproveita, afinal?
É o que digo desde o princípio: o PSD não faz assim tanta falta à nossa democracia. Por mim, dr. Balsemão, deixe lá o suicídio colectivo ter o seu livre curso. As teorias de Darwin tanto se podem aplicar às espécies animais como aos partidos políticos. Os menos adaptados têm mesmo de desaparecer, mais tarde ou mais cedo.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
• O Gato Fedorento
Enquanto duraram, a previsível ciumeira do jornalista comum não podia deixar de ser manifestada... Um dos que a personificou foi o afamado colunista Miguel Sousa Tavares, que também é um cruzado que se bate contra blogs e bloggers mais mauzinhos para a sua pessoa... No que não deixa de ter alguns argumentos válidos.
Os profissionais da imprensa não gostaram, obviamente, que os Gatos tivessem tido uma tão grande abertura dos políticos às suas solicitações de entrevistas.
E que os Gatos pudessem ter colocado tantas questões dificeis a estes seus convidados, quando normalmente estes últimos só se sujeitam a entrevistas com a discussão prévia de um gyuião, para evitar embaraços públicos.
E que agora o nível da discussão das questões públicas tenha descambado para a piadola fácil.
Mas porque é que os jornalistas tinham de ser assim??? Porquê essa azeda ciumeira? Acaso nenhum terá estudado História?... É que já desde Gil Vicente que os poderosos desta nação quase só podiam ser criticados pela via da comicidade.
Vá, vão lá rever mas é as vossas carreiras profissionais. Palhaços...
domingo, 11 de outubro de 2009
• Como eu votei
(fonte da imagem acima: Folheto de candidatos da Junta de Freguesia de Ramada)
Para a Assembleia Municipal, obedecendo à lei das compensações que o povo amiúde e sagazmente segue, continuo a depositar confiança no PS. Isto porque uma das coisas que me desgostaram foram as arruadas - palavra tão em voga nestas campanhas recentes - feitas com os "jovens" de t-shirt azul escura com o nome do seu candidato ao peito, mostrados na foto em cima, à laia de parada de claque de clube de futebol, com gritaria tribal em tom provocatório das claques das facções adversárias. Não quero que o meu voto sirva para dar emprego a estes "bébés" nem que os meus impostos um dia os sustentem.
Por fim, votei para a Junta de Freguesia no Bloco de Esquerda. Mais uma vez, para não pôr os ovos todos no mesmo cesto. E porque me cativou um cartaz do Bloco que vi ontem, não no meu concelho ou freguesia, mas na Ericeira. O puto que vi nesse cartaz tinha cara de g'anda bacano. E proclamava que queria ser parte da solução. É um chavão já gasto pelos gurus de gestão de empresas e ainda não o tinha visto associado a um ideal de esquerda.
Houve ainda mais uma razão para esta minha escolha singular: a minha filhota vive num município gerido por uma autarca do BE...
OK, no seu conjunto, estas minhas escolhas não aparentam ter tido muita racionalidade. Mas talvez seja assim que muitos de nós votamos.
Não encontrei uma imagem desse dito cartaz visionado nas ruas da Ericeira que aparecesse na web, mas aqui vai em seu lugar outro cartaz do BE em baixo:
(fonte da imagem acima (retocada): blog "Portugal minha terra meu país")
Já que inseri este cartaz aqui, calha mesmo enfiar também esta questão retardada, que já devia ter sido metida antes do fim da campanha para a Assembleia da República: reinvidicar "Justiça na Economia", como que a pedir protecção para os mais fracos, não vos parece o mesmo que pedir que uma partida de rugby seja jogada sem porrada, para que os mais enfezados não façam dói-dóis?
terça-feira, 6 de outubro de 2009
• O nosso George Bush...
Agora descubro que este personagem decorativo que arquivámos, todos nós eleitores, em Belém, à míngua de outro lugar onde o arrecadar, é igualmente seco de conhecimentos práticos adquiridos no dia-a-dia pelo cidadão comum.
Então não é que só agora o Senhor Presidente descobriu, com espanto mal disfarçado, que os computadores que todos usamos e ele também não são absolutamente seguros? Então não é que uns peritos informáticos lhe fizeram a extraordinária revelação que podem existir vulnerabilidades, segundo as suas próprias palavras? Então não é que ele nos disse isto como se uma grande notícia se tratasse?
Já sabiamos os políticos como seres distantes do país real. Mas da própria vida real?
E por aqui me fico, que já muitos antes de mim bateram no ceguinho e eu não quero ser mauzinho...
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
• Introdução (retardada)
Sobreveio-me a tentação de usar aquele recém-criado blog - só tem uns mesitos... - para intervir na causa pública. Também quis botar faladura, nesta época de campanhas eleitorais e de debate sobre a nossa vida colectiva futura. Andámos p'rái a ouvir umas propostas malukas e, por isso, tive de dizer das minhas...
Mas agora quero separar as águas, tal como se faz nas ETARs. A Política é uma Porca, como nos lembrou o mestre Raphael Bordallo Pinheiro um dia numa caricatura.
Posto isto, vou deixar os meus ideiais mais "limpinhos" no outro blog e aqui vou chafurdar à vontade. Espero de quem me possa ter seguido até à data a vossa compreensão.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
• MMS - Movimento Mérito e Sociedade
Mais uma para a série "Demagogia? Não, obrigadinha...". Agora aparecem estes, o MMS - Movimento Mérito e Sociedade, a querer correr com todos os membros da classe política lusa actual para a... Conchichina?... É boa!... Eu conhecia era a Cochinchina. Ora aqui está uma boa contribuição para a rúbrica "O caçador de pérolas" do blog "Reflexões de um cão com pulgas" de Pedro Aniceto, do qual recomendo a visita frequente.
Ah, e já agora, é evidente que eu não subscreveria tal ideia peregrina. Porque não é uma ideia elegante, carece bastante de urbanidade. Porque é um ideia perigosa e que até nos poderá levar a equacionar o reverter os seus efeitos para os autores desta, o que seria muito bem feito... E porque nunca daria o meu voto a quem deixa passar um erro de língua portuguesa tão flagrante.
(fonte das imagens deste post: site do MMS)
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
• Demagogia? Não, obrigadinha!...
Eles "andem" aí cheios de esperança a exibir os seus cartazes de campanha, aspirando a convencer os incautos do mérito superior das suas mensagens. E eu, pelo meu lado, tenho o dever cívico de usar este Speaker's Corner que é a Blogosfera para desconstruir as lógicas inquinadas daquela podridão que grassava no reino da Dinamarca dessas mensagens deles.
Caramba, alguém tinha de dizer que o Rei vai nu e como não vislumbrei ninguém que se chegue à frente ainda, cá vou eu.
"Há cada vez mais pessoas a pensar como nós", proclama Paulo Portas. E essas pessoas chamam-se pessimistas, digo eu. Os outros, que também se julgam serem cada vez mais em maior número são os optimistas. E julgam isso por inerência da sua qualidade intrínseca, o optimismo, justamente.
É que já chateia estar sempre a ouvir este indivíduo do outdoor acima mostrado em reportagens televisivas nas diversas Ovibejas que por este país se realizam. Um chavalo mais novo ainda que eu sempre com aquele ar grave e repreendedor, falando da arrogância dos outros, vejam lá a falta de espelhos, daqueles que trabalham para o nosso bem comum. Sempre a dizer que está tudo mal. Sempre a martelar que aqueles que nos servem no governo não há nenhum que preste.
O povo, na sua sabedoria ancestral, sabe que nem tudo pode ser completamente mau e nem totalmente bom num lado só da questão. E eu para mim tenho que o actual governo vale bem o que este nos custa. Quero continuar a pagar para que se mantenha em funções, em vez de ser substituido por outro grupo de humanos menos infalíveis e porventura até mais caros ou mais esbanjadores dos cofres públicos.
É possível fazer melhor do que José Sócrates e a sua equipa tem feito? Sim, é óbvio que tem de ser possível. Quem então é que pode fazer melhor? Entre os que se posicionaram às luzes da ribalta, não vejo ninguém. A não ser o próprio Sócrates, que teve tempo para adquirir traquejo para fazer a coisa certa agora desta segunda vez, que em breve vai começar para ele.
Se Paulo Portas persistir no seu discurso com este tom carrancudo, eu vou começar a julgar que a sigla PP é Partido Pessimista. O menino páre de nos meter na fossa, por favor, sim? Obrigadinha...
E agora abordemos o case study desta respeitável senhora do outdoor em baixo.
Sussurra-nos esta veneranda kota, num tom moralista de acordo com as suas convicções cristalizadas no tempo e de vistas pouco alargadas, que os políticos devem prometer só o que podem cumprir. Deve ser por isso que o parto do seu programa eleitoral tem sido difícil. E ainda vem a ser reduzido um dia a uma só folha A4, como já se adivinha. É que a senhora não desconhece que, bem vistas as coisas, assim não se devia prometer era nada. A não ser que se procedesse como um dia sugeriu: dando uns seis meses de férias à democracia.
Vamos a um exemplo elucidativo: imaginem que um candidato à chefia do nosso governo nos vinha prometer que ia acabar com a balbúrdia e o regabofe do nosso sistema educativo, que ia pôr os profs todos na linha e a ensinar como manda a sapatilha. E que o homem até ganhava a maioria absoluta, essa almofada sempre muito confortável para mandar nesta treta toda. Acham que mesmo assim, o homem conseguia pôr os profs realmente a trabalhar e a serem chamados à pedra se não dessem o litro, ou pelo menos meio litro, como todos nós? Tá bem, tá...
Nunca em democracia. Aquela gajada dos profs ia sempre estrebuchar, para não perder o seu alegado direito ao ripanço e á desresponsabilização. E o quarto poder ia aliar-se a eles, sempre sedento de espectáculo, sacrificando sempre a justiça a este. E todos sabemos que quando o quarto poder aparece, é como uma erva daninha que muito compromete a colheita do lavrador.
A verdade é que não se pode mesmo prometer nada, pela lógica desta senhora. Nunca nenhum político poderá jurar a pés juntos que conseguirá fazer de uma forma completa e inatacável o que tenha prometido antes de alcançar o poder. Porque há sempre factores imponderáveis.
Entre o prometer só o que se pode mesmo garantir, ou seja, nada e o prometer mundos e fundos, o que de resto já ninguém faz, nem valia a pena vir a senhora gastar dinheiro a dar-nos lições de ética, há que encontrar o equilíbrio perfeito. Mas mesmo assim o risco existe sempre de um homem sonhar e algum dos seus sonhos não assistir ao nascimento da respectiva obra.
Há que não ter medo de sonhar que se vai fazer, portanto. Há que não ter medo de publicitar os nossos sonhos como as promessas que temos para dar aos outros, se queremos cativá-los. No fundo, há que ter tomates. Que é coisa que não se espera vinda dum contabilista.
Martin Luther King quando disse que tinha um sonho acham que ele tinha a certeza que esse sonho se concretizaria antes do fim dos seus dias? É que nem se ele tivesse sido eleito por quase unanimidade, situação quase impossível à sua época. Forças de bloqueio sempre existirão, o seu Cavaco que o diga.
E quanto à sua propalada "política de verdade", de que se acha a maior paladina, esta senhora que até possui uns belos telhados de vidro, que estudou Finanças mas talvez tenha descurado a História Universal, a esta senhora gostaria de relembrar uma enorme lição de um velho sábio que poderia bem ter sido seu correlegionário, de tal modo a senhora parece antiga. Falo do germânico Chanceler Bismarck que nos disse num dia de inspiração que "a política e as salsichas, é bom que não se saiba tudo sobre como se fazem".
Esta lição o seu adversário José Sócrates sabe-a bem. E esta senhora confunde nele o mentir com o não dizer toda a verdade. Que é como se deve actuar em política. Vá lá contar toda a verdade, vá, e vai ver o quanto vai agradar ao povo que a eleger.
Oh, meus deuses, e quer esta gente que tem a pestana cheia de conjuntivite mandar nisto... Como dizia o outro já aqui citado: "Safa!...".
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
• Hernâni Carvalho
Hernâni Carvalho é candidato a Presidente da Câmara Municipal de Odivelas, concorrendo para isso nas próximas eleições autárquicas. E eu rejubilo por ele ter tido esta ideia peregrina e ter decidido pô-la em prática.
Até nem estou descontente com a actual gestão pública da autarquia, que tem vindo a ser coordenada pela Sra. D. Susana Amador. E quase sempre votei nas cores políticas que ela representa e nunca, mas nunca, nas cores deste seu actual e talvez inesperado adversário. Mas desta vez, vou pôr as minhas fichas todas no número dele.
É uma escolha pouco racional, tenho de admitir. Mas quero mesmo correr o risco. Para ver se vai acontecer "something completely diferent", como os Monty Python anunciavam.
É uma eleição autárquica, afinal, É para escolher um gestor local, não um ideólogo a uma escala maior. Até nem arriscamos muito a possibilidade de eleger um outro Hugo Chavéz. E estou ansioso para assistir ao espectáculo de abanões e remexidas que vai ter de acontecer, só pelo facto da cor política dominante neste rincão sofrer um brusco câmbio. Desta vez e com ele, sinto-me confortável para fazer a experiência dessa mudança.
Quero ver também até onde um candidato com uma certa allure de independente, alegadamente enérgico, completamente populista e a deixar uma subentendida impressão de incómodo para os poderes instalados - quase me apetece rotulá-lo de iconoclasta, o que nunca é politicamente correcto - vai conseguir espernear.
Oxalá esta Odivelas tenha o seu Lula da Silva.
Digo-o assim não por ver estes personagens públicos semelhantes na ideologia mas antes na perserverança da luta. E no terramoto comunitário que um foi e o outro poderá ser.
O site oficial da candidatura de Hernâni Carvalho ainda se encontra em desenvolvimento, como é costume. Entretanto podemos olhar um dito "Sitio de Apoio a Hernâni Carvalho para Presidente da Câmara Municipal de Odivelas" aqui.
Por último, D. Susana Amador, agradeço toda a sua emérita dedicação à promoção do meu bem-estar municipal e peço perdão por ter de lhe atribuir este "ostrakon", mas é a vidinha... ou melhor, a democracia. Quem sabe, um dia mais tarde, a senhora poderá ser a minha ideia peregrina de então.