quinta-feira, 25 de abril de 2019

• E ninguém desconfia dele?...

Notre-Dame foi consumida pelas chamas há já uma semana... E até agora ainda não se sabe o que causou tal desastre.

O fogo deve ter sido iniciado devido ao estaleiro de obras de reabilitação da catedral. Alguém deve ter feito asneira da grossa. Alguém que deve ter deixado, por exemplo, uma beata mal apagada junto a material combustível.

Parece que foi só na quarta-feira passada que o estado francês finalmente avançou com uma queixa-crime - contra desconhecidos tão-só, ainda assim - acerca desta calamidade. E eu exclamo: atão ninguém desconfia dele?...

Falo, como é mais que evidente, óbvio ululante, e etc., do bom velho e famoso Gaston Lagaffe!…

Então ninguém ainda se lembrou que a culpa desta merda toda deve ser dele, com toda a certeza???…

O Gaston deve ter posto os pés naquele malfadado estaleiro, não digo como um trabalhador mais, necessariamente, mas quiçá como visitante. Foi ver algum dos seus amigos, outro esgrouviado como ele, e desencadeou aquele fogaréu com alguma geringonça das suas. Na sua boa vontade queria aliviar o trabalho árduo desse amigo. É o costume nele. Mas todos sabemos qual o invariável resultado das iniciativas criativas de Lagaffe…

Julgo ser o único clarividente neste mundo dos deuses a vislumbrar isto… É que até tenho andado a espreitar se teriam aparecido na net alguns memes produzidos por outros que tivessem a mesma suspeita que eu… Mas nada! Nada de nada. Como é isto possível?…

E depois, como foi esta treta possível de acontecer num país do primeiríssimo mundo como a orgulhosa França?…

É que quando foi do incêndio que destruiu o Museu Nacional do Brasil no Rio de Janeiro, em Setembro passado, os nossos irmãos tupiniquins desataram logo a bradar que aquilo só podia suceder naquela baderna de país… Afinal de contas, shit happens em qualquer lado!… 

E será que alguém se questionou já se haverá algum contrato de seguro contra incêndio que possa cobrir estes danos na catedral de Notre-Dame?… Se não há, parece-me grave. E se há, idem. Afinal, haverá quem beneficiará com tudo isto?…

Já para não falar demasiado também do facto de muitas grandes fortunas gaulesas se terem mobilizado tão mas tão depressinha para contribuirem para a reconstrução deste big monumento deles…

A ver vamos se igualmente o fariam se um dia, por hipótese mais que remotíssima, um plano mesmo, mesmo infalível para a erradicação da pobreza mundial fosse bolado por um político veramente genial.

Isso é que era de valor, digo eu!… Tanto o plano em si quanto um político ser genial.

domingo, 7 de abril de 2019

• Back to basics

Hoje vou voltar às origens. Quando este blog foi criado para ser a expressão do homo politicus latente dentro da minha conturbada alma.

Há muito tempo já que não expunha aqui neste blog uma opinião sobre a indigente vida política portuguesa. Mas agora tenho de o fazer. Não porque vêm aí umas eleições para o Parlamento Europeu. Não.

Apenas tão-só porque reparei recentemente em algo risível. Num partido político que já existirá há alguns anos. Mas que só captou a minha atenção com alguns outdoors que por aí estão a contribuir para a urbana poluição visual. E para a confusão das mentes dos turistas yankees que nos visitam.

Falo de algo denominado PDR, Partido Democrático Republicano. Uma muito discreta - quase invisível - organização edificada à volta duma personalidade que se presume interventiva e útil à nossa colectiva vida social. Personalidade esta que terá ganho pública fama à custa de outrora aparecer amiúde na pantalha lá de casa vociferando truculentos discursos.

As aves de arribação que nos desmandam vindas das terras do tio Sam, do lado oposto do Atlântico, ficam perplexas perante a bizarra nomenclatura de tal partido político. E não é para menos.

É que afinal a dita cuja coisa é democrata ou republicana?… Ou é uma coisa ou é outra, caramba!… As duas ao mesmo tempo não lhes cabe no real bestunto como tal é possível, como tal pode acontecer.

Parece-me tão incrível que os sábios padrinhos deste partido não tenham tido em linha de conta quando o baptizaram que poderiam causar este irritante coçar da cabeça aos americanos que deparassem com a sua existência, assim por acaso ao virar duma esquina…

Podiam ter-me evitado tanto embaraço e engasgamento quando sou solicitado a explicar porquê este nome tão estranho, o que é e para que serve… É que fico invariavelmente vazio de respostas a dar a estas curiosidades forasteiras. E assim passo cada vergonha…

Nos Estados Unidos da América os eleitores são confrontados com escolhas bem simples: ou é boi ou é vaca*. O PDR será um fenómeno muito hermafrodita para os seus gostos.
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* Melhor dito, as opções são entre elefante ou burro, simples assim e animalesticamente falando.