sexta-feira, 27 de setembro de 2013

• O meu voto no próximo domingo

Por isso, vou levantar a bunda do sofá!… Como sempre fiz.

Muitos cidadãos estão hoje desiludidos com os actores da causa pública: governantes, políticos sem responsabilidades de poder, sindicalistas e outros parceiros sociais, etc.. 

Ouvi num outro dia que não votar é estar contra o sistema. Pois, este sistema pode ser imperfeito… mas eu já vivi num outro sistema. Em que votar era um direito reservado só a alguns. Por vezes, mesmo a nenhuns. Maneiras que eu prefiro este sistema!…

Porque não sou estúpido. Este sistema, embora imperfeito, é o unico que per si permite mudar o estado das coisas.

Nas últimas eleições autárquicas defendi aqui neste blog o voto numa voz diferente. E não da minha cor política. No candidato do PSD, Hernâni Carvalho, contra a candidata à reeleição como presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Susana Amador.

Não estava e continuo a não estar descontente com a gestão que Susana Amador tem tido da edilidade. Mas quis e quero continuar a pagar para ver se é possível fazer mais e melhor.

Não vou aconselhar o voto desta feita na candidata do PSD, Sandra Pereira. Porque não é uma voz diferente, como Hernâni o era. E embora ainda jovem, já é para mim uma actriz política velha. Há demasiado tempo imersa na mesma redoma* de Susana Amador. E eu quero mudança. A todo o custo!

Se antes eu poderia ter receios de que o circo pegasse fogo se alguma vez a extrema esquerda chegasse ao poder, com este actual governo perdi todos os medos. Porque os ultra-liberais que nos governam hoje - como aprendizes de feiticeiros que eu sempre disse que o erarm - estão a ser mais intervencionistas do que os comunistas que comem criancinhas ao pequeno-almoço.

Mas com isto não quero dizer que vou votar no domingo na candidata da CDU, Fernanda Mateus. Não. Embora se devam reconhecer largas competências na maioria dos autarcas comunistas, eu quero ver ideias mais arejadas. Eu, e julgo que a esmagadora maioria dos descontentes com o status quo do nosso país.

Vou portanto finalmente proclamar quem vai ter agora o meu voto: João Curvêlo, do Bloco de Esquerda. Um puto de 23 anos apenas. Mas que sabe falar. A ponto de me convencer.

Alguém questionou se a juventude tão tenra de João Curvêlo não traria um certo óbice de falta de experiência para um cargo da responsabilidade de presidente de câmara e da dimensão da de Odivelas… Ao que o rapaz contrapôs, e bem, que experiência é o que não faltará a Susana Amador, com 8 anos à frente da câmara. E no entanto é preciso alguém que faça mais pelos que cá vivem.

Quero alguém que prometa partir a louça! Não por si mesmo a defender essa atitude. Que essa sim, será uma Nova Atitude por Odivelas. Mas pela esperança que poderá renovar em todos nós no dito "sistema".

Estou farto de quem só sabe falar em números! A maior desgraça de um país, de toda uma população, não é não ter as contas todas certinhas. É não ter como as pagar. Por não produzir riqueza. Por não conseguir aproveitar e empregar uma grande parte da sua população activa. Que anseia por não se sentir inútil. Ou fora de prazo.

E ainda por não conseguir criar as tais oportunidades que nos dizem eles mesmos - os que nos governam neste momento - que todas as crises trazem. Falácias que já só me causam náuseas!...

Vou votar no Bloco de Esquerda e em João Curvêlo. Porque ainda ontem foi ele mesmo que me entregou o seu folheto de campanha. Ele e mais um colega. Caminhando sós, ao lusco-fusco de um dia cinzento e molhado. Pela Avenida Professor Doutor Augusto Abreu Lopes abaixo, deserta a essa hora. Com o estoicismo próprios de Don Quixote e Sancho Pança. Que me comoveu. E me deu fé no futuro. E que os políticos podem não ser afinal todos iguais. É só um feeling...
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* E as suas promessas eleitorais são algo pobres. Redutoras. E pouco distintas do que a actual gestão camarária também poderia fazer. Quanto aos outros candidatos, que são Bruno Veiga, do PTP; Ernesto Reis, do PCTP/MRPP; e sobretudo Miguel Xara-Brasil, da coligação Odivelas Merece Mais (CDS-PP/MPT/PPM)… estou longe.

domingo, 22 de setembro de 2013

• A voz dos muros - VI

Love is the answer, they say... So many times.

Agora é que a "minha" crise vai começar. A resistência militante que contra a conjuntura económica tenho procurado manter está a abrir brechas na minha muralha. E por isso se torna urgente.

Eu bem sei que... 

"Love is an illusion. It's a dream from which
you wake up with a headache…"
  - Janet Fitch, "White Oleander"

Mas ainda que o preço seja uma valente dor de corno, eu preciso dessa ilusão de amar e ser amado.

Até porque contra males de cabeça desse género já vou ganhando uma certa imunidade. E uma ilusão de vez em quando não faz mal nenhum. Até dá para esquecer. E pode emprestar forças para o combate. Que é de todos nós contra… aquilo que outrora bravos revolucionários apelidavam de "o capital e os seus lacaios".

O "perigoso comunista" que está adormecido dentro de mim* ainda vai ser despertado um dia destes. Mas sem eclipsar o romântico torpe.

Onde andas tu, minha Galateia? Às tantas, já me cruzei contigo… mas ou me faltou a coragem ou a clarividência.
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* Dentro de todos nós há um. Ou devia haver.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

• O salário mínimo

Um consensualmente assim aceite grande cérebro luso da área da economia, de seu nome António Borges, já defunto, defendeu que os salários dos portugueses deveriam baixar, para impulsionar a nossa almejada retoma…

Nestas coisas das ciências económicas já estou habituado a ver os maiores crâneos a falharem previsões macroeconómicas como os pobres dos meteorologistas. E a vomitarem barbaridades que pouco devem a um senso comum popular.

Mas como os media adoram sempre uma boa história… Em prol do espectáculo em que os serviços noticiosos se tornaram, vai de dar destaque a vozes de burro! Como não chegam a o céu, devem ser inofensivas, crê-se… Mas talvez mal.

Outras correntes de pensamento ficam assim na penumbra.

Por exemplo… Alguém terá reparado que o homem mais poderoso deste mundo, o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, afirmou no facebook estar em defesa disto aqui ao lado?…. 

Alguém se lembra que ainda recentemente um político francês lançou o debate sobre a necessidade de haver a figura de um salário mínimo europeu, comum a todos os países que integram a União Europeia ou ao menos a União Monetária em torno da moeda única, o Euro?… O que é do mais lógico que pode existir, ainda que possa parecer utópico.

Alguém notou que um político português (do sexo feminino e de esquerda) deu com uma das causas prováveis para a ligeira retoma da nossa economia o abrandar do estrangulamento do poder de compra dos portugueses, com a declaração de inconstitucionalidade de diversos cortes salariais que este actual governo quis impor?… E que acrescentou, e bem, que a defesa dos direitos dos trabalhadores afinal faz bem à conjuntura económica?.. 

Pois!…

E que dizer de algumas vozes que vão clamando a nível mundial apontando a inutilidade, e mais do que isso, até os malefícios, das malditas políticas de austeridade?… Poucos de nós reterão tudo isso.

Acrescento só mais um dado que escutei com curiosidade. Contra os ditos McJobs, que foi um "produto de exportação" do capitalismo puro e duro yankee, alguém fez ver o seguinte: se os salários pagos a todos os funcionários da McDonald's fossem aumentados para o dobro, a repercussão no preço do menu Big Mac seria a de um aumento de… 17%.

Agora, se todas as pessoas que vivem ou sobrevivem com salários de miséria no mundo inteiro vissem os seus rendimentos duplicados… Que pulo não daria a economia global na direcção do crescimento!…

A melhor partilha da riqueza nacional é algo que um dia será reconhecido como benéfico para o lucro de cada negócio individual. E como natural consequência, para o conjunto de toda a economia. E o contrário será sempre prejudicial. Sempre!

Porque será que hoje em dia tantos governantes portugueses e europeus parecem perder tão facilmente o foco nesta esmagadora realidade?... PORQUÊ???...