quarta-feira, 30 de novembro de 2016

• O país onde nasci

Como eu te compreendo, Mafalda!…

Creio que não invejo os extraterrestres que nasceram em mundos mais evoluídos do que a nossa Terra. Ainda não chego a tanto. Mas a uma escala menor, por vezes me questiono porque raio fui logo nascer neste atarracado país.

Já aqui neste blog, num dia relativamente recente, me declarei um Desenraizado. Estou cansado de aqui quase sempre ter andado a gastar o tempo da minha presente existência. E sobretudo desta minha Olissippo.

Entretanto, a crescente tristeza devida ao meu viver por cá, pela capital deste Portugalito, tem de conviver com a desmedida alegria dos que a vêm visitando nestes últimos tempos… E eu tenho logo por missão actual de lhes potenciar essa alegria de aqui estar.

Sente-se de facto que os turistas que nos visitam em Lisboa transpiram uma felicidade inusitada por aqui desembarcarem. 

Ele é a luz de Lisboa, que também maravilhou Arpad Szenes, mal aqui pôs os pés.

Ele é a gastronomia, que aqui ainda permanece genuína, autêntica e não industrializada. Ou ao menos não tanto como nos países europeus ditos mais evoluídos que o nosso.

Ele é um património histórico que ainda consegue ser bem rico e cativante, porventura um pouco mais que em outras paragens, também muito demandadas pelas mesmas hordas de turistas na idade da reforma que aqui desaguam.

Ele é as nossas gentes, que sabem quiçá sorrir mais do que nórdicos, teutões, gauleses e até do que os nossos hermanos ibéricos. E genuinamente.

Ainda por cima, somos ajudados pelo facto de sermos cada vez mais cosmopolitas. De termos em Lisboa comunidades de todas as partes deste mundo, que aqui tentam subsistir, tal como os locais, à custa desta actual maré alta do turismo português.

E depois, além de Lisboa há todo o resto da paisagem. Lugares de paz absoluta onde tenho levado alguns viajantes dos quais sou o seu guia e anjo da guarda. Como por exemplo, Constância. Onde o nosso grande vate Luís Vaz de Camões só pode ter sido muito feliz, sem qualquer dúvida!...

Nestas duas fotos aqui junto vemos o costumeiro Largo do Pelourinho, quase obrigatória presença em muitas cidades, vilas e lugarejos datados da época medieval desta pachorrenta Lusitânia.

Lugares encantadores, como esta pequena vila onde os rios Tejo e Zêzere se agrupam, que eu ando por aí a mostrar a tanto forasteiro, eu queria era mostrar a ela um dia…

Talvez depois de ver com os olhos dela o que já conheço como a palma da minha mão não me sentisse tão desenraizado.

Além disso, há uma dívida de gratidão que sinto ter com ela. Porque ela muito generosa e carinhosamente levou-me pela mão a ver todas as principais atracções turísticas de Helsinki e Tallinn. Um dia, graças a tal passagem de testemunho, quero ser um guia nestas duas urbes. Com a mesma qualidade com que o sou na minha Ulisseia.