quinta-feira, 2 de junho de 2011

• Ódio

O ódio é um sentimento que eu resolvi banir da lista dos que me dou ao luxo de experimentar. Só há algo que tenho por força de continuar a odiar: o ódio, ele próprio.

Isto serve de preâmbulo à expressão da minha estupefacção perante a ressurreição de uma figura política dada como na prateleira e que Pedro Passos Coelho, dando um tiro no pé - esta gente não aprende mesmo... - foi desinquietar. Mais valia estar sossegadinho... mas ainda bem para as minhas cores que esta gente é incapaz de não fazer asneira.

Num odioso discurso - digo odiosas as palavras e não a pessoa em si que as proferiu, que só me inspira hoje uma bem pequena compaixão - Manuela Ferreira Leite, esse zombie político, veio gritar ás massas que não ficaria sossegada se José Sócrates se quedasse sequer na oposição ao futuro governo, que ela antevê já estar nas mãos do seu partido, que ela tão bem conduziu a uma derrota eleitoral nas últimas legislativas.

Uma manifestação pública de um sentimento tão baixo quanto o é este ódio político, pessoal, visceral, eu sei lá que mais, que esta senhora nutre por José Sócrates é abjectamente odioso. E num país culto, faria com que o partido desta senhora perdesse imensos votos. Mas estamos na Lusitânia... onde habita um povo canalha e que vibra com baixesas destas.

José Sócrates não morrerá de amores pela distinta senhora, também não, concerteza... Mas terá a dignidade de não o proclamar em público, tanto quanto eu me apercebo. Porque a sua assertividade inicial de há seis anos a esta parte também tem vindo a decrescer. Pudera, ele é apenas humano. E eu acho que raras vezes terei visto alguém sob um fogo cruzado tão intenso e prolongado no tempo como este homem esteve.

Acho até que o staff de Pedro Passos Coelho terá utilizado aquela senhora que atrás referi para espicaçar a conhecida irascibilidade de Sócrates. Os fins, para alguns, justificam os meios. 

Para mim, não. Prefiro andar com a coluna direita. E acho que esta é a pedra de toque que separa os do bem dos outros demais.

Se me fosse dado a escolher, meus deuses, eu gostaria que fossem os que mais se aproximam do bem que saissem vitoriosos no próximo domingo... mas isso é pedir demasiado p'ra nós, portugueses canalhas. Só temos a sorte que merecemos, afinal...