sexta-feira, 13 de setembro de 2013

• O salário mínimo

Um consensualmente assim aceite grande cérebro luso da área da economia, de seu nome António Borges, já defunto, defendeu que os salários dos portugueses deveriam baixar, para impulsionar a nossa almejada retoma…

Nestas coisas das ciências económicas já estou habituado a ver os maiores crâneos a falharem previsões macroeconómicas como os pobres dos meteorologistas. E a vomitarem barbaridades que pouco devem a um senso comum popular.

Mas como os media adoram sempre uma boa história… Em prol do espectáculo em que os serviços noticiosos se tornaram, vai de dar destaque a vozes de burro! Como não chegam a o céu, devem ser inofensivas, crê-se… Mas talvez mal.

Outras correntes de pensamento ficam assim na penumbra.

Por exemplo… Alguém terá reparado que o homem mais poderoso deste mundo, o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, afirmou no facebook estar em defesa disto aqui ao lado?…. 

Alguém se lembra que ainda recentemente um político francês lançou o debate sobre a necessidade de haver a figura de um salário mínimo europeu, comum a todos os países que integram a União Europeia ou ao menos a União Monetária em torno da moeda única, o Euro?… O que é do mais lógico que pode existir, ainda que possa parecer utópico.

Alguém notou que um político português (do sexo feminino e de esquerda) deu com uma das causas prováveis para a ligeira retoma da nossa economia o abrandar do estrangulamento do poder de compra dos portugueses, com a declaração de inconstitucionalidade de diversos cortes salariais que este actual governo quis impor?… E que acrescentou, e bem, que a defesa dos direitos dos trabalhadores afinal faz bem à conjuntura económica?.. 

Pois!…

E que dizer de algumas vozes que vão clamando a nível mundial apontando a inutilidade, e mais do que isso, até os malefícios, das malditas políticas de austeridade?… Poucos de nós reterão tudo isso.

Acrescento só mais um dado que escutei com curiosidade. Contra os ditos McJobs, que foi um "produto de exportação" do capitalismo puro e duro yankee, alguém fez ver o seguinte: se os salários pagos a todos os funcionários da McDonald's fossem aumentados para o dobro, a repercussão no preço do menu Big Mac seria a de um aumento de… 17%.

Agora, se todas as pessoas que vivem ou sobrevivem com salários de miséria no mundo inteiro vissem os seus rendimentos duplicados… Que pulo não daria a economia global na direcção do crescimento!…

A melhor partilha da riqueza nacional é algo que um dia será reconhecido como benéfico para o lucro de cada negócio individual. E como natural consequência, para o conjunto de toda a economia. E o contrário será sempre prejudicial. Sempre!

Porque será que hoje em dia tantos governantes portugueses e europeus parecem perder tão facilmente o foco nesta esmagadora realidade?... PORQUÊ???...

4 comentários:

Catarina disse...

Precisamente por os ordenados serem tão distintos na Europa é que o Euro está, quanto a mim a falhar! Como é que pode haver a mesma moeda, quando essa mesma moeda em termos práticos varia de valor de país para país? Calma, eu sei que que o Euro vale mesmo em todo lado, mas na prática não vale, não vale porque os ordenados além de distintos, o que se pode comprar com 1€ varia de país para país, e mais chaga ao cúmulo de haver bens que considero de primeira necessidade mais caros cá do que em países onde os ordenados são maiores.

Agora eu pergunto, os grandes crânios que planearam tudo isto não viram estas contas que qualquer criança é capaz de fazer? Pois não acredito, acredito sim que tudo isto se tratou de uma patranha bem montada para alimentar um grande bicho papão, que papa e continua a papar, mais do que os salários das pessoas a vida e a própria alma das mesmas!

Arrepiante meu amigo, arrepiante!

Giuseppe Pietrini disse...

Leio o teu comentário e não te percebo, Catarina...

Minha amiga, perdoa-me só tão tarde contestar as tuas palavras. Mas não sabia o que te dizer, sinceramente.

Para mim, o Euro não tem nada a ver com o que eu expus. O Euro é um passo natural na evolução da União Europeia. O Euro não falha nem acerta. O Euro é algo que tinha de acontecer. Numa União que começou por ser económica, era lógico que se fizesse o upgrade para ser também monetária.

O Euro só por existir era algo que já devia ter tido o efeito de nivelar salários e custo de vida nos países aderentes. O que não aconteceu ainda. Nem começou a acontecer. Mas a culpa disso não é do Euro!

O Euro é um projecto europeu que eu aplaudo e sempre aplaudi.

Eu sou um dos que sonham com os Estados Unidos da Europa. Como antes da nossa adesão á União Europeia defendi uma União Ibérica entre Portugal e uma Espanha dividida em regiões como a Catalunha, Galiza, Castela, Andaluzia, País Basco, etc.

Um jinho, minha amiga.
Giuseppe

P.S.: hoje, dia 10 de Outubro, eu acho que o futuro me reserva ir viver para o distrito de Aveiro. Ou pelo menos eu desejo-o muito.

Catarina disse...

Meu caro amigo, em lado algum eu digo que sou contra o euro, eu acho o euro e a união europeia um projecto belíssimo mas, achas sinceramente que as coisas foram bem feitas, que essa unificação foi bem feita?
Então diz-me onde está a igualdade financeira na Europa? O euro não falhou nem acertou... Só te digo como diz um amigo meu, um acérrimo defensor do projecto União Europeia, que diz algo do género, quem sonhou com o projecto e o aplicou, não estava à espera que fizessem com o projecto o que está a ser feito. ou com o modo como está a ser feito :/

Uma coisa é certa, podes dizer-me que as coisas estão a correr bem? (refiro-me ao projecto euro)

Abraços

Giuseppe Pietrini disse...

Ó Catarina...

Eu sei lá se as coisas estão a correr bem com o projecto do Euro!... Como posso eu, simples leigo em matéria económica, botar bitaites sobre essa área nebulosa para mim?…

Bom, se calhar posso exclamar isto: eu vejo a UE e o Euro como aqueles casais indecisos quanto a ter um filho. Eu quanto a mim julgo que nestas coisas o que é preciso é fazer o filho! O resto logo se vê, como ele vai crescer e se desenvolver.

O Euro era um projecto que tinha de nascer, ponto. O que a seguir iria acontecer, logo se veria. Se ele iria ser criado pelos pais ou por tutores, isso pouco importa. O que importa é que, após o Euro ter nascido, a economia e quem tem poder sobre esta - se é que há alguém - tratasse de implementar medidas contra qualquer hipótese de mortalidade infantil deste projecto. Que assim que nasceu deixou de estar apenas nas mãos dos seus progenitores e passou para as mãos de toda a sociedade.

Um abraço, miguita. ;-)
(já que deixaste de dizer "beijinhos" - eu reparo nestas coisas… - e este tema não é mesmo nada propício a grandes manifestações de carinho... lol. )