sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

• HasSak ethno-folk ensemble


Hoje vai-se inaugurar neste blog uma nova rubrica, que rotularei de “Sublimemente belo”, com esta banda do Cazaquistão que se auto-intitula HasSak ethno-folk ensemble. Rubrica essa que já existe noutro blog da minha autoria, iniciada com este post que pode ser visualizado clicando aqui.

Eis o essencial do texto da sua apresentação oficial, aquando da divulgação de espectáculos que fazem fora do seu país natal:


HasSak é uma banda moderna que representa a fusão da música tradicional cazaque e de antigos hinos guerreiros dos cavaleiros turcos das estepes da Ásia central. Este bem talentoso grupo criativo está empenhada em restaurar os antigos instrumentos musicais, tais como Kobyz, Dombra, Sybyzgy, Saz Syrnay, Shan Kobyz, etc., mostrando um banquete auditivo sem precedentes. Os membros da banda são todos oriundos da Academia National de Música e do Conservatório de Música do Cazaquistão.

Eu sei, este é um blog sobre política… Mas o ambiente político em todo o mundo está tão banalizado e decepcionante… Todos os actores da cena política global são tão previsíveis…  Que até os dislates duma pirralha de 16 anos de idade se tornam de súbito mais atraentes. 

Vou deixando de ter o meu foco neste blog na política pura e dura. Vou-me virando mais para a cultura. A cidadania terrena também se faz com a cultura. E é mister conhecer o panorama cultural da todas as paragens deste planeta. 

Por isso me interesso assaz pela World Music. E aqui vou passar a divulgá-la. Para que as gentes saibam que até nos mais longínquos lugares desta terra também há coisas muito bem feitinhas.

Ou digam lá, caros leitores, se os vários videoclips desta tão curiosa banda cazaque - que se podem visualizar no seu canal do YouTube - não são esplendidamente bem produzidos!…

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

• I don't care

I just don't care about anything, whatsoever. I just let it be. Which were the words of wisdom that mother Mary would come to a certain guy when he would find himself in times of trouble.

Eventually, there comes a day in our lives that we all have to let it be. I think such a day has arrived to me.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

• This sunshine...

“I hate to be leaving this sunshine, this bright daylight!…”
I’ve heard this from one of the passengers on the car I was driving*. From a londonian lady that was about to fly back to her city. I was almost dropping her off at the Lisbon airport Terminal 1.
“This sun warmth, you can feel it up to your bones.”, she added to another female colleague of her in the back seat of my fancy and new black Mercedes E Class, both of them.
These two ladies had just finished to participate on an international event that had been promoted by the Lisbon City Council, named “World Cities Culture Summit Lisbon 2019”. 
I may be fed up of living here in the so called “sunny Lisbon”. I sure would like to live elsewhere during the summertime. I would like to live much closer to the one I love, even if not with her under the same roof, anymore.
But that doesn’t make me forget that I still live here, in what might be one of the most popular tourist destinations in the whole world, if not the most popular of them all, in terms of city break destination.
We can see happiness stamped in the faces of the hordes of foreigners that fill up the streets in the center of Lisbon, at every hour of the day and night.
This city is no longer the same without them. We need them like a garden needs flowers to be spread all over it. We need them to make us locals remember that we live in a quite cool piece of paradise.
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* I’m a limo driver, sometimes, folks. Other times I play another one of my roles in this global society, being a tour guide.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

• Já acabou? Mas...

No calendário, o Verão acabou. E eu nem dei por ter começado.

Por mim, tenho esta crença que ainda havemos de ter neste final de Setembro - já dentro do período oficial do Outono - e a entrar por Outubro e Novembro vários dias, senão mesmo semanas, de um calorzinho gostoso.

Mais gostoso ainda quando vem nesta época do ano. E ainda mais por não o termos sentido nos meses em que era suposto ter dito presente.

E porque tenho esta fé que vamos usufruir de tempo quentinho em breve, é uma lástima que as piscinas públicas municipais ao ar livre já estejam encerradas. 

Chega a 15 de Setembro e é sempre assim. As aulinhas arrancam e os municípios declaram o verão concluído. Os putos já não poderão frequentar as piscinas porque estão fechados nesses campos de concentração chamados escolas. Portanto, não vale a pena manter as piscinas abertas, porque ficarão vazias de gente.

Errado!... Acontece que a 15 de Setembro ainda há muito boa gente que quer apreciar férias estivais tardias. Que é quando estas sabem melhor. E ainda há tanto turista que deve achar um absurdo piscinas fechadas com este verão que se arrasta por mais dias aqui nestas paragens do que nas suas setentrionais terras de origem.

O que me vale é que alguns hotéis mantém as suas piscinas abertas, fazendo render o peixe até bem mais tarde. Porque os seus hóspedes assim o devem exigem. Cheios de razões.

A mim, que deixei este último verão - que em 2019 resolveu passar no anonimato - fugir-me debaixo dos pés sem o ter podido aproveitar minimamente, sem tomar um único banho de mar, o que me resta agora é rumar áquela saudosa piscina da minha infância: a do Hotel das Arribas, na Praia Grande, em Sintra.

O que conto cumprir já… amanhã.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

• Feias?…

No domingo passado estive pela tardinha a descontrair num parque. No Parque da Cidade de Loures ou Parque Adão Barata. Nessa cidade de Loures, considerada uma mais entre “As 10 cidades mais feias de Portugal”. Junto com a minha pobre Odivelas.

Assim de repente prenderam a minha atenção um pai e seus dois filhos brincando com uma bola de futebol. Eles são russos. Eu sei disso porque os ouço falando. Não são turistas. São migrantes. E eu sinto-me bem por ver que eles parecem bem felizes por estarem a viver aqui, neste seu país de acolhimento.

Os miúdos vestem ambos camisolas do Barça. Um com Neymar escrito nas suas costas. E o outro com Messi e o braço esquerdo ao peito. Mas isso não o faz correr menos do que o primeiro.

O sol brilha nessa tarde em Loures sem ser abrasador. E todas as pessoas neste parque parecem também felizes como aquela família eslava. Será justo então atribuir à cidade de Loures o rótulo de feia?…

Hoje nesta Tugalândia as cidades, feias ou não, estão a tornar-se em torres de Babel. E isso é tão melhor do que se continuasse a ouvir apenas a língua portuguesa pelas suas ruas. E sobretudo nos seus parques. Porque nas ruas até pode não ser bem assim, mas nos parques somos mesmo todos filhos de um mesmo deus.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

• Cortesãs

Madrugada do último sábado para domingo. Estou a cumprir um serviço de motorista à disposição total 24 horas para três cavalheiros. Vindos dum país da África equatorial rico em petróleo. Um deles é ministro, os outros dois seus assessores. 

Graças a estes clientes dessa noite, estou a tirar um doutoramento* instantâneo sobre a vasta oferta lisboeta de casas de strip... Até já sei os horários de cor e salteado!... Para saber quanto vão durar as secas.

São quase quatro da manhã. Espero dentro duma van Mercedes classe V preta com vidros fumados que os meus cavalheiros se divirtam como bem podem ou à grande e à francesa dentro dum antro que dá pelo nome de Paquiderme Albino.

Reparo nos vários usuários dessa casa engraçada que entram e saem desta amiúde. Regra geral, são uns senhores meio grisalhos, acompanhados por meninas vistosas no trajar e na beleza corporal.

Como me estou a sentir nesse árduo turno nocturno como uma prostituta do volante, enceto a imaginar como serão afinal as rotinas laborais destas raparigas. Já que não tinha sono e havia que ocupar a mente com alguma actividade.

Vem-me à memória um poema dum autor que admiro. Este, que transcrevo abaixo:

Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta dum soldado;
Cleópatra por puta alcança a croa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques, pois, oh Nise, duvidosa
Que isto de virgo e honra é tudo peta.

…de Manoel Maria Barbosa du Bocage,
para quem faltou a estas aulas na escolinha.

Subitamente um dos meus bons rapazes vem cá fora, chega perto do nosso veículo e solicita-me que me comece a mexer com este.

Os clientes eram em número de três... E as Nises também. A paródia dentro da Viano foi assim a seis. Porque eu cá não tive direito a nada. Aliás, era minha prioritária missão transportar toda esta gente com a conveniente rapidez e em segurança até ao design hotel de cinco estrelas onde os moços se hospedavam, com todas as realescas mordomias a que têm direito, por supuesto.

Uma vez lá chegados, dispensaram os meus serviços até ao fim desse turno. De modo que pude recolher também aos meus caseirinhos aposentos. Que a noitada seguinte poderia ser mais do mesmo. E era mister que eu proporcionasse a mim mesmo algum repouso do guerreiro. Ou da ama seca de adultos. Dito assim para ficarmos por aqui nesta peculiar saga. Ou antes, dantesca comédia divina. Ou de humanos costumes.

Que não se veja neste arrazoado todo qualquer juízo de valores. Até porque eu serei porventura um dos últimos moicanos à face da Terra a ter moral para fazê-lo.

E “prontes”… Esta é a minha vidinha. Podia ser pior.
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* Um dia ainda me especializo a organizar tours nestas andanças vespertinas… Why not?…

terça-feira, 25 de junho de 2019

• Smartphone zombies

Smartphone zombies - também designados smombies, neologismo criado numa recorrente aglutinação destes dois vocábulos anglo-saxónicos iniciais - são uma abjecta praga dos tempos modernos.

Ainda eu me julgo um cidadão rasca… Mas há quem abuse mais do que eu da rasquice. 

Eu também posso passar por um smartphone zombie, por vezes. Quando estou a tomar o café matinal na cafetana de meu costume pessoal. Aí dou azo à minha faceta anti-social, fechando-me na minha concha e vidrando-me no meu telefone móvel*.

Creio no entanto que sou capaz de reconhecer quando este acto se começa a tratar de uma adição e sei quando parar. Mas a maior parte das pobres alminhas com que nos cruzamos em transportes públicos - nomeadamente no Metro, do qual sou um bom utente, ainda… - não conseguem ganhar essa consciência. E não sabem quão ridículas se tornam. O que vale é que o ridículo não mata...

Há mais vida do que aquela de que são espectadores nos écrans dos seus celulares!… 

Há tanta vida a acontecer ao seu redor. Tanta gente bonita que lhes passa despercebida. Porque dispensam tanta da sua preciosa atenção a mensagens em grupos de WhatsApp que quase só servem para partilhar boçalidades? Ou posts vazios de um real interesse de mânfios que nem bem conhecem no Feicebuque?

E se não são mensagens ou posts em redes sociais, porquê tanta conversa jogada fora no caminho de regresso a casa, com o telelé sempre colado ao ouvido? Ou pior, com o auricular. Parecendo mesmo uns tontinhos que estão a falar sozinhos. Solilóquios sempre vociferados em altos valores de decibéis...

Para quê tanto treco-lareco inútil?… E porque é que todos ao lado têm de gramar com detalhes parvos de vidas alheias? Porque é impossível muitas vezes abstrairmo-nos completamente desse ruído ambiente…

Há que introduzir nos currículos escolares a aprendizagem do uso racional das novas tecnologias, sobretudo desse objecto ainda tão novo que é o telefone móvel. Antes que venha a ser tarde demais. Antes que venhamos a ser todos rascas demais.
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* A palavra “telemóvel” não consta do meu vocabulário. Afiançaram-me um dia que tal designação seria uma marca registada dum antigo operador de rede móvel, a TMN, e que não deveria ser usada pelos outros operadores. Ao invés uso a expressão “telefone móvel”. Mas devo ser o único…

terça-feira, 28 de maio de 2019

• Como votou um cidadão rasca

Nestas últimas eleições europeias sinto por uma primeira vez que ganhei. Que apostei no cavalo certo.

Votei no fofinho PAN, Pessoas, Animais e Natureza

Creio que nunca antes tinha sido este partido a minha escolha. E a minha filhota também, talvez por ter colada a ela a alcunha de "raposinha", herdada da sua mamã.

Em eleições “a sério” não vou por aí. Boto sempre a cruz no quadrado do mui nobre Partido Socialista. Mas em autárquicas e europeias dou à minha tão conturbada mente liberdade de voto. O Bloco de Esquerda e o Partido Livre já foram outrora escolhas pessoais. Esporadicamente.

Até ao domingo passado eu estava colocado na classe dos tontos indecisos. E vai não vai, estive quase para pensar em honrar o partido Iniciativa Liberal com a minha benção. Mas depois emendei a mão… Achei pouco inteligente este partido hostilizar o PS em alguns dos seus cartazes. Logo, não ia dar o meu voto a gente menos esperta.

A gente que se diz liberal mas que alinha com PSD’s, Alianças e CDS’s da vida, sendo crítica da nossa bendita Geringonça. Já o PAN não cai no mesmo erro. E até consegue elogiar algumas vozes mais rebeldes do PS, como se pode ver no cartaz ao lado...

Mas quanto aos cartazes do IL, até que eles tinham um que  deu nas vistas pelas ruas de Lisboa e que eu aprovo e aplaudo!… Este aqui ao lado mostrado, inspirado no mote da Internacional, mas onde se substitui os velhos proletários pelos actuais contribuintes que andam uma beka adormecidos.

Bem esgalhado!...  ;-)

Sim, é mister que estes últimos se unam. Até uma personagem com a qual não posso nutrir simpatia política, o shôr engenheiro Mira Amaral, disse um dia em uma conferência qualquer onde nada se pode aprender, citando um tal dum relatório doutro senhor, Michael Porter, um yankee a quem em tempos idos encomendaram um diagnóstico sobre o status quo do nosso pobre pequeno país…

Resumindo e concluindo, dizia o tal do Porter, entre outras coisas aonde identificou factores em que o nosso país tinha grande margem de progressão rumo á perfeição que… O fisco tinha de deixar de encarar todos os contribuintes como alvos a abater.

O Livre podia ter continuado a ser uma opção. E era bom que o conseguisse, a bem duma cada vez maior pluralidade de vozes, que eu creio tão desejável. Só que desta feita optei pelo voto útil. E prestei alguma atenção a sondagens que davam o PAN com boas hipóteses de eleger pelo menos um deputado europeu.

Eu sei, isto é rasca. Devia ter votado mais em consciência com aquilo em que mais acredito. Mas aí não era no Livre que eu punha a cruz. Aí para ser coerente, teria de ser no PS. E eu quis beneficiar um dos pequenitos, em detrimento dum grande partido.

Rematando todo este arrazoado sem nexo, fiquei particularmente contente com o facto do PAN ter ultrapassado o asquerosamente demagogo CDS* em distritos como Setúbal e Faro - e por uma unha negra isso também não acontecia em Lisboa - e o anacrónico** PCP - ou com mais rigor a velha coligação CDU, que incluí os Verdes - em vários distritos do norte desta valente Lusitânia.

E uma vez mais, como diz António Costa, "É geringonça mas funciona!". In your face, dona Assunção Cristas!...Parabéns a vocês também, Bloco de Esquerda.
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* Nalguns casos foi mesmo uma valente abada que o PAN deu ao CDS... Eu se fosse centrista - hipótese totalmente impossível - pintava a minha face de negro!...

** Digo anacrónico porque ainda estão no tempo da K7 (mais conhecida por cassete). Nem sequer evoluíram para CD’s. E já vamos hoje na época do mp3… O velho Jerónimo de Pirescouxe bem podia dar o lugar a alguém com sangue novo… Mas qual seria o jovem comuna que não se importaria de ser visto à frente dum partido cada vez menos sexy?… Nenhum, digo eu.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

quinta-feira, 25 de abril de 2019

• E ninguém desconfia dele?...

Notre-Dame foi consumida pelas chamas há já uma semana... E até agora ainda não se sabe o que causou tal desastre.

O fogo deve ter sido iniciado devido ao estaleiro de obras de reabilitação da catedral. Alguém deve ter feito asneira da grossa. Alguém que deve ter deixado, por exemplo, uma beata mal apagada junto a material combustível.

Parece que foi só na quarta-feira passada que o estado francês finalmente avançou com uma queixa-crime - contra desconhecidos tão-só, ainda assim - acerca desta calamidade. E eu exclamo: atão ninguém desconfia dele?...

Falo, como é mais que evidente, óbvio ululante, e etc., do bom velho e famoso Gaston Lagaffe!…

Então ninguém ainda se lembrou que a culpa desta merda toda deve ser dele, com toda a certeza???…

O Gaston deve ter posto os pés naquele malfadado estaleiro, não digo como um trabalhador mais, necessariamente, mas quiçá como visitante. Foi ver algum dos seus amigos, outro esgrouviado como ele, e desencadeou aquele fogaréu com alguma geringonça das suas. Na sua boa vontade queria aliviar o trabalho árduo desse amigo. É o costume nele. Mas todos sabemos qual o invariável resultado das iniciativas criativas de Lagaffe…

Julgo ser o único clarividente neste mundo dos deuses a vislumbrar isto… É que até tenho andado a espreitar se teriam aparecido na net alguns memes produzidos por outros que tivessem a mesma suspeita que eu… Mas nada! Nada de nada. Como é isto possível?…

E depois, como foi esta treta possível de acontecer num país do primeiríssimo mundo como a orgulhosa França?…

É que quando foi do incêndio que destruiu o Museu Nacional do Brasil no Rio de Janeiro, em Setembro passado, os nossos irmãos tupiniquins desataram logo a bradar que aquilo só podia suceder naquela baderna de país… Afinal de contas, shit happens em qualquer lado!… 

E será que alguém se questionou já se haverá algum contrato de seguro contra incêndio que possa cobrir estes danos na catedral de Notre-Dame?… Se não há, parece-me grave. E se há, idem. Afinal, haverá quem beneficiará com tudo isto?…

Já para não falar demasiado também do facto de muitas grandes fortunas gaulesas se terem mobilizado tão mas tão depressinha para contribuirem para a reconstrução deste big monumento deles…

A ver vamos se igualmente o fariam se um dia, por hipótese mais que remotíssima, um plano mesmo, mesmo infalível para a erradicação da pobreza mundial fosse bolado por um político veramente genial.

Isso é que era de valor, digo eu!… Tanto o plano em si quanto um político ser genial.

domingo, 7 de abril de 2019

• Back to basics

Hoje vou voltar às origens. Quando este blog foi criado para ser a expressão do homo politicus latente dentro da minha conturbada alma.

Há muito tempo já que não expunha aqui neste blog uma opinião sobre a indigente vida política portuguesa. Mas agora tenho de o fazer. Não porque vêm aí umas eleições para o Parlamento Europeu. Não.

Apenas tão-só porque reparei recentemente em algo risível. Num partido político que já existirá há alguns anos. Mas que só captou a minha atenção com alguns outdoors que por aí estão a contribuir para a urbana poluição visual. E para a confusão das mentes dos turistas yankees que nos visitam.

Falo de algo denominado PDR, Partido Democrático Republicano. Uma muito discreta - quase invisível - organização edificada à volta duma personalidade que se presume interventiva e útil à nossa colectiva vida social. Personalidade esta que terá ganho pública fama à custa de outrora aparecer amiúde na pantalha lá de casa vociferando truculentos discursos.

As aves de arribação que nos desmandam vindas das terras do tio Sam, do lado oposto do Atlântico, ficam perplexas perante a bizarra nomenclatura de tal partido político. E não é para menos.

É que afinal a dita cuja coisa é democrata ou republicana?… Ou é uma coisa ou é outra, caramba!… As duas ao mesmo tempo não lhes cabe no real bestunto como tal é possível, como tal pode acontecer.

Parece-me tão incrível que os sábios padrinhos deste partido não tenham tido em linha de conta quando o baptizaram que poderiam causar este irritante coçar da cabeça aos americanos que deparassem com a sua existência, assim por acaso ao virar duma esquina…

Podiam ter-me evitado tanto embaraço e engasgamento quando sou solicitado a explicar porquê este nome tão estranho, o que é e para que serve… É que fico invariavelmente vazio de respostas a dar a estas curiosidades forasteiras. E assim passo cada vergonha…

Nos Estados Unidos da América os eleitores são confrontados com escolhas bem simples: ou é boi ou é vaca*. O PDR será um fenómeno muito hermafrodita para os seus gostos.
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* Melhor dito, as opções são entre elefante ou burro, simples assim e animalesticamente falando.

terça-feira, 5 de março de 2019

• A voz dos muros - XVII

Pois… E ainda por cima o que me levou a descobrir este pequeno tesourinho deprimente foi um twit de uma miúda que ironicamente comentou acerca desta foto o seguinte: “Quero um amor assim!”.

Aparentemente muitas alminhas indigentes que pululam entre nós - e não apenas aqui na Tugalândia - estão a dar uma mais que desmesurada importância ao maledetto ludopédio nas suas tristes e vazias vidinhas… Demasiada, mesmo!...

Será que ainda haverá um dia que alguém soltará um grito mais original, tais como: “És bela como a aprovação do Orçamento de Estado por unanimidade!”?…

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

• A praga do coaching

Recentemente passou-me debaixo das vistas um artigo de opinião assaz interessante… Com o título “Deus pode ir de férias…”.

Neste artigo, imbuído dum espírito meio ou quiçá totalmente clerical, encontrei contudo frases que me soaram a música para os meus ouvidos, quando as leio em surdina. Eis algumas:

“Parece que a nova religião do homem moderno 
é o empreendedorismo. De matriz materialista, ela substituiu
os santos do altar por fotografias de homens de sucesso,
e os seus livros sagrados são os de auto-ajuda.
O objectivo desta cultura é o sucesso, seja lá o que isso for!”

“Ou seja, vende-se a ideia de que o potencial dos indivíduos
é ilimitado e podem conquistar tudo o que querem,
se fizerem muita força…”

Abomino essa moda actual que é o coaching. Tenho para mim que o talento é algo quase inato ou fruto do acaso.

O talento não é muito passível de ser educado, se não houver de antemão uma sementezinha que desde sempre exista lá no fundo da alma de cada um de nós. Semente essa que se pode ser uma visão, um sentido de inovação, uma chama de criatividade.

Mas isto sou eu a falar, que sou uma old soul… 

O coaching tem de facto de vender essa ideia de que o potencial dos indivíduos é ilimitado. Mas um bom coach no fundo não acredita nisso. Só que não pode dizer outra coisa.

No coaching tem de se fazer por acreditar que a qualidade nascerá da quantidade.

É preciso incutir em todos a fé que o sucesso é alcançável por todos para que no final pelo menos alguns poucos cheguem a alcançá-lo efectivamente.

Uma das áreas de negócios que depende e promove muito o coaching é o marketing directo, com os seus esquemas em pirâmide. Onde as organizações têm de recrutar o maior número possível de aderentes, dando a ilusão a todos os recrutados que conseguirão sucessos absolutos. Sabendo de antemão que não vai ser assim. Mas é preciso que a ilusão passe.

Na persecução superior a tudo do sucesso das organizações, aqueles indivíduos mais débeis a quem a ilusão tenha caído e tenha feito mossa no seu ego têm de ser considerados danos colaterais.

Preocupações de carácter ético têm de ser esquecidas quando esses danos colaterais forem a esmagadora maioria e os casos de sucesso que se aproveitam uma escassa minoria. A bem da sustentabilidade ou sobrevivência de organizações deste carácter.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

• Apatia

É o que sinto. Apatia. Desinteresse por tudo. Autismo social. O mundo em meu redor em efervescência e eu sem ligar pevide.

Brexit, gilets jaunes, shutdown, a crise social na Venezuela, o cancro chamado bairro da Jamaica, etc.. E eu não quero saber muito de nada dessas tretas todas.

Refugiei-me nas notícias sobre um evento desportivo nos antípodas. Down under. O Australian Open. O acontecimento a que mais ligo nos meses de Janeiro destes últimos anos. O resto pouco me interessa.

Este ano tivémos o João Sousa a fazer um pouco mais do que em todos os outros anos da sua carreira. Chegou a umas semifinais dum Grand Slam. Mesmo que isso seja apenas em pares masculinos, já não é mau de todo. 

É claro que atingir a final seria ainda melhor. E esteve ao seu alcance. Mas tinha logo de ser travado por um gajo que é finlandês e a viver em Tallinn, na Estónia… Henri Kontinen, a fazer par com um aussie. Henri Kontinen que eu passei a admirar depois de ter ganho Wimbledon em pares mistos em 2016. A par com uma tenista inglesa com a qual nunca tinha jogado antes uma só partida antes do torneio. É o que se chama um “instant couple” de sucesso também instantâneo.

Em singulares o João Sousa foi travado por outro tipo que assaz admiro, Kei Nishikori

Ou não fosse ele um nipónico samurai... Quando se fala dele lembro-me sempre dum artigo que li numa revista americana nos anos 80 sobre a evolução lenta do tennis no país do sol nascente. Dizia-se que o Japão não parecia que iria conseguir alguma vez produzir campeões mundiais neste desporto. Agora tomem lá, yankees, com o Kei e sobretudo com a Naomi Osaka!...

Agora, durante estas duras duas semanas de verão austral em Melbourne o personagem que mais me prendeu a atenção foi o que apelidam de El Greco. Stefanos Tsitsipas.

Este helénico filho de mãe russa vai longe. Vai deixar rapidamente de ser o que eu chamo de "figurante das primeiras três rondas". O João Sousa também podia ter ido longe no início de se ter tornado pro. Agora já se vai fazendo tarde… Mas o Stefanos tem ar de quem não vai deixar passar as oportunidades que se lhe depararem de futuro. 

Foi cilindrado pelo Rafa, é certo. Mas acredito que sabe agora como o bater. O grego aprende. E depressa. E já está na hora do Rafa passar o testemunho em Roland Garros. Leiam bem o que vos digo, que me sinto possuído em modo Nostradamus!…

Como confessei num recente post doutro dos meus blogs, a minha inspiração para a escrita está a demorar a recomeçar neste novo ano de 2019. Então, em vez de assuntos sobre política mundial ou local, vai de discorrer sobre desporto. Mas ao menos desta feita não sobre o ópio do povo. Antes sobre tennis, um sport que sempre foi de cavalheiros e jogado por cavalheiros. Better than rugby and football.

And way better than politics.