mais do que os outros, não há erva nenhuma que possa crescer."
domingo, 25 de agosto de 2013
• "Jobs" - o filme
Fui ontem à noite ver este filme…
Embarquei nesta viagem com a expectativa de que iria ver um filme biográfico sobre um gênio que admiro e no qual se revelariam como lhe surgiram as inspirações para todo o caudal de inovações tecnológicas que ele criou Mas não foi isso o que vi.
O argumento centrou-se sobretudo na Apple, enquanto incontornável mito do empreendedorismo americano e global. E de como foi a sua gestão paradoxal, desde o seu nascimento até à morte do seu criador.
A Apple nasceu, cresceu e ficou mundialmente conhecida como a marca que maior prestígio grangeou e grangeia junto dos seus admiradores, que são em número bastante maior do que o dos seus clientes, já de si imensos à escala global. E isto após o bom do Steve, ter sido expulso da empresa-mito que ele próprio criou e da qual foi o principal mentor. Por deliberação dum conselho de administração acéfalo. E reintegrado anos mais tarde.
Se há lição que este filme nos mostra, essa é uma que eu já sabia desde o outro carnaval!… Que é, afinal:
"Quando os gajos dos números desatam a mandar nisto tudo
mais do que os outros, não há erva nenhuma que possa crescer."
mais do que os outros, não há erva nenhuma que possa crescer."
É que os gajos que só olham aos números, sobretudo aqueles que têm associados cifrões, os únicos que eles acham a que accionistas são sensíveis, são os eucaliptos dos espíritos livres da nossa querida humanidade, pobre coitada...
Eles nada criam. Eles só extinguem com a sua cegueira indelével e incurável os ideais de outros, os que são loucos o suficiente para julgar que podem mudar o mundo.
Depois da sessão de cinema, não me pude impedir de fazer um estranho - e até descabido, talvez - paralelismo entre a gestão da Apple e a da coisa pública portuguesa na actualidade.
Bem sei que Portugal não é uma marca. Que José Sócrates não é nem de perto nem de longe Steve Jobs! Que Pedro Passos Coelho não é de todo John Sculley. Que os eleitores portugueses não são accionistas do seu país. E na maior parte deles, se o pudessem ser não era de Portugal que teriam a maioria da sua carteira de acções, não senhor…
Mas reparemos… Sócrates tinha ideias. Tinha projectos. Tinha sonhos. De ver o nosso país ser o primeiro no mundo no número de veículos eléctricos. De sermos energeticamente menos dependentes do exterior e do petróleo. De termos cada vez mais energia de fontes renováveis. De termos um sistema educativo inovador e de ponta a nível mundial, com a adopção do uso dos computadores Magalhães desde as mais tenras idades escolares. Por exemplo…
Sócrates também teve detractores, tal como Jobs. Porque ambos, à sua maneira, eram criativos na sua actividade. E singulares até na forma como conduziram ou conduzem ainda as suas vidas. Mas como em todos aqueles em que centelha nem que seja uma ténue luz de genialidade coabita também por vezes um temperamento irascível… Acabam por ser mal amados pelas maiorias silenciosas e sem cérebro.
Não quero e nem devo fazer aqui a apologia de José Sócrates. Mas quero sim, fazer um elogio a todos aqueles que têm espíritos criativos. Daqueles loucos que julgam que podem mudar o mundo. Que são como Steve Jobs era e disse. E que deviam ser mesmo aqueles que realmente fazem a mudança acontecer no mundo.
Não fossem as ervas daninhas dos gajos dos números e onde é que a nossa civilização já não podia estar, meus deuses…
Mas bom… Uma palavra final para agradecer ao bando de cromos que se podem ver na foto em baixo. Quem diria que sem eles o mundo de hoje podia ser bem diferente…
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sábado, 3 de agosto de 2013
• Yeah, life sucks!...
E se fosse só isso, Charles… mas ainda há pior, hoje em dia.
É que uma vida assim não é nada de sonho. Mas ainda tinhamos ao menos o sonho. De mudar o estado das coisas para melhor. Mas até isso eles nos andam a tirar.
Eles são os "entendidos" em economia. Uma corja estúpida, maldita e - em consequência disso - incompetente que tomou conta do mundo inteiro. Se eles tivessem ganho esse domínio nos anos 60 do século passado, quando reinavam os idealistas, os que têm sonhos, a corrida para levar o homem à lua tinha morrido logo á nascença.
Hoje a ditadura é dos números. Das contas certinhas. De eliminação dos excessos. Do que eles denominam de gorduras do estado. Só é pena é que pareçam ver essas adiposidades somente nos serviços públicos. Para o bem comum de todo um povo. E não nas mordomias próprias de apenas alguns. Deles.
E segundo eles, o investimento em inovação é também um luxo a que não nos podemos dar neste momento. Não há guito…
Eu quando andei a estudar engenharia, nos anos 80, eu queria mudar o mundo. Queria participar do desenvolvimento e do crescimento do recurso a energias renováveis. Que eram as energias do futuro.
Hoje, aquele rumo que tinhamos vindo a seguir, da proliferação de produção de energia eléctrica por via eólica, solar, geotérmica ou das ondas do mar foi transformado em devaneio. Economicamente pouco viável. No curto prazo. Que é o horizonte temporal mais longínquo que eles, com as suas limitadas mentes, conseguem alcançar.
Podiamos também ser hoje um país dos mais avançados e pioneiros à face da Terra na implementação de veículos eléctricos. Mas não. É preferível não ousar. É preferível ter dívidas pagas no mais curto espaço de tempo possível. Ou é isso ou é, quiçá, a rendição aos poderosos lobbies do petróleo.
Hoje, graças a este auto-imposto estado de inanição pela submissão ao interesse "superior" das (ainda por cima) trapalhonas contas do estado, estou desempregado. Devia estar a sonhar em voltar ao mercado de trabalho. Mas…
…para fazer o quê, se já nem há empregos que, embora pudessem não ser bem pagos, ao menos nos permitiam sonhar que estávamos a produzir algo grande? Algo pelo qual valia a pena nos mexermos. Levantar da cama com um despertador.
Já não há nada disso. Já não há "pica". Eles, na sua inépcia cega, não vêem sequer que decretaram a morte do sonho.
E se calhar, irrevogavelmente. Mas como o conceito de "irrevogável" é, nas suas mentes, muito elástico… talvez ainda haja esperança.
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