segunda-feira, 30 de outubro de 2017
• Um dia rasca
A foto que vemos acima foi tirada por um bombeiro. Do terraço do seu quartel de bombeiros voluntários em Vieira de Leiria.
Quando li num jornal uma notícia ilustrada com esta foto, perguntei-me o que estaria um bombeiro a fazer no seu quartel em vez de estar a combater as chamas que avistava ao longe? Vi então que relatava-se que este bombeiro - Hélio Madeiras de seu nome, para atribuir os créditos à foto - teria estado justamente a tentar conter o fogo quando entretanto soube que seria destacado com um grupo de seus camaradas para ir acudir a outro grande incêndio em Vouzela, a cerca de 150 km da sua terra!… Como se isto fizesse grande sentido…
Terá sido então no intervalo entre um fogo e outro e regressado ao quartel que teve um momento para guardar para a posteridade a desgraça que se abatia sobre o Pinhal de Leiria.
Noutro jornal com uma outra notícia com a mesma foto, o seu nome de família perdeu o “s” final, passando ao singular, e tomou já outra categoria profissional: a de um “recuperador salvador da Autoridade Nacional de Proteção Civil”. Seja lá o que isso for…
Esta foto tornou-se viral nos media de todo este mundo que quiseram dar a nova do inferno na terra em que este pequeno país á beira-mar plantado se tornou naquele malfadado dia.
Duas semanas depois, movido por uma curiosidade mórbida, tornei-me um turista de terra queimada.
Tinha estado justamente na Praia da Vieira de Leiria no último dia do mês passado de Setembro e no primeiro dia deste. A gozar um curto período de paz interior. A reflectir sobre o sentido da minha vida e a postá-lo num dos meus blogs. Nesse lugar muito caro para mim.
Quis voltar lá para ver a extensão da destruição. E para me garantir que tudo se há-de erguer de novo.
Confio muito que de facto tudo se há-de erguer de novo. O negro vai dar lugar ao verde uma vez mais.
Só espero é que a rasquice e estupidez que grassou naquele dia 15, essa não volte a existir alguma vez mais.
Estupidez que por vezes podemos pensar que é um exclusivo ou uma característica muito ruga. Mas então como explicar que na poderosa Califórnia também tenham deixado que ardesse tanta floresta e morresse taxas vítimas como aqui?…
Que não tivessem conseguido salvar algumas das mais abastadas casas vinícolas deste planeta na famosa Napa Valley?…
E na Galiza!… E na Lombardia também houve incêndios nesta época em que não era suposto a natureza castigar-nos.
Mas enfim… Há lá algum momento que seja mais próprio para o castigo da estupidez humana?…
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