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domingo, 16 de outubro de 2011
• O 15 de Outubro
Ontem foi o dia que se convencionou, sei lá bem por quem, para ser o de demonstrar a uma escala global, tal como a economia hoje é, a nossa indignação pelo estado desta última. Que em última instãncia, está a tornar as nossas existências terráqueas desconfortáveis.
Andamos mal habituados. Nas derradeiras duas a três décadas - pelo menos pelo que nós, tugas, nos vimos apercebendo localmente, que não apanhámos este comboio desde o início da sua marcha, que terá sido talvez nos finais da última grande guerra mundial, a WW II - vínhamos a inconscientemente nos acostumar a um nível de vida sempre crescente, sobretudo comparado com o dos nossos avós que nasceram no princípio do séc. XX.
E agora a bolha está a começar a estoirar, como seria de esperar…
E como em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, desatámos a jogar as culpas uns nos outros e todos na economia. Que é uma coisa que uns julgam, pobres tontos, ser uma ciência exacta. Eu cuido que é mais é uma espécie de arte divinatória, como o é o Tarot…
Digo tal porque os grandes crâneos - se calhar devemos passar a chamar-lhes xâmanes… - não foram capazes de prever o actual status quo da economia global e menos ainda de o controlar. No que não são diferentes de um qualquer professor Karamba, astrólogo afamado com gabinete no Poço do Borratém.
E posto que é assim, eu desisto. Quero lá saber de déficits, buracos financeiros - outros, sim… -, orçamentos gerais do estado, troikas, fundos monetários internacionais, em suma, tudo o que tenha a ver com o vil metal, que veio para dominar as nossas preocupações.
Maldito dinheiro que nos escravizas! Ditosos sois vós, nossos amigos animais, que não carecem deste para viver e nem percebem este conceito.
Já estou como Zeca Afonso. Não me obriguem a vir para a rua gritar. Não pelos meus pressupostos direitos a uma existência digna, que na nossa Constituição existem, vá lá, como boa intenção apenas. Daquelas de que a casa do demo está cheia. Letra morta, portanto. Antes gritarei, sim, mas que talvez já seja tempo de embalar a trouxa e zarpar…
Mas para onde partir? Onde ficará a Vila Diogo desta actual conjuntura, para lá ir dar? Só se for para aquelas raras paragens virgens que a civilização ocidental ainda não corrompeu.
E como ir? Se nem o tempo, embora bastante agradável para o ripanço, ajuda com um pouco de vento ou ondas… Como se ilustra na foto acima, captada no Mar da Palha, neste rio Tejo ao largo da capital, feito lago tranquilo, com um pequeno mas garboso veleiro riscando um lindíssimo espelho de água, lânguidamente.
É hora de parar. Ou andar mais devagar, porventura. Reflectir. Ficar zen. Rodearmo-nos de calmaria. Como este veleiro, curiosamente baptizado de "Patrícia II", nos inspira com esta visão dele, nesta semana em que o verão talvez se despeça até ao São Martinho.
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