quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

• Abram a pestana!…

O meu anti-social estado de alma típico nesta época de Natal - de todos os Natais da minha vida adulta - levou-me a escrever isto, noutro dos meus blogs.

Este ano, marcado indelevelmente pelo Covid-19, vejo que essa suma individualidade que nasceu Jorge Mario Bergoglio proferiu esta frase que cito abaixo:


“Que esta dificuldade também nos ajude a purificar um pouco

o modo de viver o Natal, de festejar, saindo do consumismo.”

- Papa Francisco


A dita dificuldade a que Sua Santidade se refere outros a rotularam de “novo normal”.


Neste blog destila-se rasquice, ateísmo e baixa política. Não seria expectável eu citar com admiração e respeito este grande player da cena política global.


E no entanto, este Papa será sempre elogiado e exaltado aqui, por ter bem mais merecimento do que muito alto dirigente político mundial*. Dado bastas vezes nos mostrar um certo pensamento que namora a desconstrução de hábitos e valores perfeitamente supérfluos da nossa pobre civilização. And that pleases me a lot.

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* Que não se julgue que abomino a classe política no seu todo. Só mesmo aqueles que sofrem de cegueira ideológica. E até acho que estou a desenvolver um certo PPC, political platonic crush, por, vejam lá, pela alemã… Ursula von der Leyen.

domingo, 29 de novembro de 2020

• Lockdown

Lockdown, ou em bom português, confinamento. Estado de espírito que nos é incutido neste boring 29 de Novembro de 2020.

Na Alemanha o seu governo encontrou uma forma inteligentemente humorística de comunicar aos seus cidadãos o que é preciso fazer para colectivamente combatermos esta pandemia que vivemos neste maldito ano.


O coitado do povo alemão que justamente sempre interiorizou que é preciso trabalhar, trabalhar, trabalhar, agora é-lhe dito que o que se impõe neste momento é dar um golpe de rins mental e… 


...não fazer nada. 


Nada mesmo. A ponta dum corno. Rien du tout. Nothing at all. Zilch. Néris di pitibiriba.


Para escutar estas mensagens do governo alemão, é mister clicar aqui, aqui e aqui, para se ver as três diferentes stories, convertidas em anúncios tv.


Nos States, como se vê na imagem no topo deste post, recorre-se a uma linguagem plutôt  cinematográfica para dar algumas orientações fundamentais à malta toda… Faz parte, Hollywood é uma importante indústria lá p'ra aquelas bandas.


E assim vai o mundo.

sábado, 17 de outubro de 2020

• I'm a luxury shopper

Ontem comprei na loja Hermès de Lisboa esta mala Kelly k28.

Dito assim, para quem é leigo na matéria, este facto não parece nada de relevante. Mas para os entendidos, isto é uma façanha ilustre, não ao alcance de qualquer um, pelo menos à primeira démarche.


Estou a enveredar por uma nova actividade. Sou um luxury shopper. Ou mais completamente, um personal fashion and luxury shopper.


Eu pensava que um tal player na nossa sociedade era muito dispensável. Quem é que precisa de alguém para fazer as suas compras no seu lugar?… 


Creiam-me, não basta bater com um grosso maço de notas num balcão para comprar o que quer que seja. É preciso também ter uma aparência credível. Mostrar conhecimento sobre o que se quer adquirir. E mais uns poucos segredos, que são a alma do negócio e que, portanto, vou guardá-los para mim.


As marcas de luxo podem ter como política não vender tudo sem mais nem menos a qualquer potencial cliente. Podem reservar alguns artigos mais exclusivos, produzidos em edições limitadas, só para quem entendam corresponder a certos standards. E é aí que um luxury shopper pode dar jeito.


Ainda há dois dias eu pensava “it’s just a bag, for heaven’s sake!…”, quando debutei a tentar compreender os meandros deste mercado dos artigos de luxo...


Ontem, quando vivenciei e tentei interpretar toda uma necessária mise en scène para a aquisição daquela mala Kelly, e sobretudo quando a tive diante dos olhos ao vivo - cor terre battue e couro epsom - conclui que… Não, não é apenas uma mala de senhora. 


É um objecto de culto, com todo o mérito. É um reconhecido símbolo* dum subentendidamente elevado status social.


E eu estou rendido à futilidade. Aos pequenos mistérios das vidas de faz de conta. Afinal, acredito que eu até daria um razoável actor.


Se eu começasse a contar tudo o que sei e que experienciei, os meus leitores diriam que eu fantasio bués. E no entanto…

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* Para que se tenha um ideia, existem empresas nos States que alugam estas malas Kelly - e outras, está bem de ver - à hora para que senhoras as possam exibir em eventos mais especiais e elitistas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

• Isto!...

É disto que o meu povo gosta!… Uma boa e rija peleja.

E que melhores players para uma tal luta de galos do que estes dois grupos estereótipos de pessoas, com mindsets tão diametralmente opostos entre si?… 


Qual Big Brother, qual Naked Attraction*, qual quê!…


Eu haveria, claro, de torcer pelo grupo dos crentes. Torço sempre pelos mais fracos. De físico e de espírito.

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* Este último reality show ainda não chegou à Tugalândia… Mas não deve tardar muito. Já vi produções televisivas mais pró pornográficas no canal generalista que um dia há-de passar a chamar-se TVM. M de Malveira, como é óbvio...

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

• A Real Politik

Esta verdade, que até poderia ser de La Palisse, vi-a já há algumas décadas atrás dita por Edson Athayde e atribuída por este ao seu alter ego, o imaginário tio Olavo…

Numa pesquisa recente, parece que afinal essa autoria é de um senador brasileiro, Esperidião Amin, do estado de Santa Catarina…

No final, o que ambos estes cidadãos querem chapar-nos na nossa cara é que para se conquistar o poder em eleições suposta ou minimamente democráticas e livres há que:
  • Antes do sufrágio, é mister prometer amanhãs que cantam, apanágio de ideologias de esquerda,
  • Depois do dito sufrágio, e com o poder já conquistado, há que implementar de imediato todas as medidas mais impopulares e eventualmente necessárias, prática sempre indissociável dos politicos da ala direita.

E com o aproximar do fim da magistratura, voltar ao mesmo. É assim a normal alternância dos ciclos políticos nas agendas de governos: esquerda, direita, esquerda, direita Pena é que o ciclo positivo, o esquerdino, dure tão menos tempo que o seu oposto…

Mas, pronto, já sabemos todos com o que contar. Que para surpresas já bastam as pandemias que por aí virão.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

• José Ortega y Gasset

Hoje pela manhãzinha fiz a descoberta deste mui ilustre filósofo espanhol, José Ortega y Gasset

É mesmo incrível como no fim do século XIX e no princípio do século passado, o dito século das luzes, a humanidade foi bafejada com tão brilhantes mentes, tão lúcidas e altamente promissoras… 

E depois veio a época dos totalitarismos, a partir dos anos 20. Dos quais até aos dias de hoje ainda vão subsistindo umas réstias podres dessa moléstia que dá na fruta...

Será que neste século vamos repetir os mesmos erros?… É que já despontam por aí, por todas as latitudes, tantas novas ervas daninhas… Até nos países supostamente mais desenvolvidos, bem instalados na carruagem da frente da civilização, como os Estados Unidos da América...

sexta-feira, 24 de julho de 2020

• How to deal with scammers

I reckon everybody has come across in their inboxes with some email messages sent by scammers, these despicable, no-good, time wasting dumb creatures…

I did. And after years and years of being pissed off by these guys, I decide to take some action!…

Since these people are so bad in essence, I’m going to get down to their level. And be mean. Really mean!…

They will see with whom they are messing with!… I'm worst than Texas!... After all, I’m a triple Scorpio*, and today I'm really feeling like a bad, bad boy!...

I’m starting to reply to all scammer’s messages with this disgusting text, shown below:


Let’s turn this thing viral. Let’s give these stupid mean people what they deserve, again and again, until they give up!...
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* My zodiac sign is Scorpio, plus someone said to me one day I have both the Sun and Moon in Scorpio

Note: Anyone who would like to follow me in this fight against scammers globally, please feel free to download the picture above or copy and paste the text below:

I was just about to blow my brains out with a gun…

But then my computer notifies me I have a new email message…

I checked it… And it’s just another fucking scammer!!!…
SHIT!!!… DAMN!!!…

When we will both meet in hell, it won’t be just the devil
you should be afraid of, you stupid no-good lousy piece of shit!…

quinta-feira, 9 de julho de 2020

• Sobre as touradas...

Quando eu era um petiz inconsciente, entre os meus 3 a 8 anos, vivi em casa dos meus caros avós maternos, mesmo ao lado dum edifício imponente e marcante desta cidade de Lisboa: a Praça de Touros do Campo Pequeno.

O meu avozinho, na sua boa fé, sempre incentivou os seus filhos e netos a gostar do espectáculo da festa brava. 

Levava-os a assistir a touradas, para criar ou desenvolver o gosto por aquilo. E conta a senhora minha mãe que o pai dela, quando não podia entrar na Praça por razões do dever chamando para outras missões, pedia a qualquer estranho na fila da bilheteira para levar consigo o seu filho ou neto menor, uma vez que este não podia entrar sozinho, devido à tenra idade.

Não me lembro de tal awkward situation ter acontecido comigo, ir com um estranho assistir a uma corrida. Mas bom, com o meu avô, sim. E como se pode deduzir, eu passei a detestar a dita “festa do touro”. O efeito contrário ao que o meu avô pretendia.

Na altura, não estava ainda muito consciente do errado que há na tortura de animais. Era mais por ser forçado a estar onde não queria lá muito permanecer.

Um dia lembro que minha mãe quis que eu fosse numa visita guiada aos bastidores da Praça do Campo Pequeno.

Deambulei pelas caves daquele redondel, então já adolescente. Pelos camarins dos toureiros e por uma área mais sombria: o touril. E as recordações que me restam é que aquilo tresandava a morte por todo o lado. Uma coisa  simplesmente sórdida…

Há uns 10 ou 15 anos atrás, por acaso subi desde o centro comercial da mesma Praça até às bancadas. Assim como quem anda a vaguear sem propósito fixo. E dei por mim a ser testemunha duma amostra da reles cobardia humana.

Era uma dita garraiada, festa organizada por uma qualquer associação de estudantes universitários. Que consistia nisto: Um grupinho de palermas, na grande maioria machos, rodeavam um bezerro, imóvel no meio da arena.

O animal viria a ser um touro de lide, provavelmente. Mas naquela ocasião ainda era bem juvenil. E coitado, estava tolhido de medo. As suas patas tremiam como varas verdes. Os seus cascos pareciam colados ao chão de areia. E os valentões dos moços estudantis, aproximavam-se dele, um a um, para lhe bater. Para o picar, com palmadas no focinho. Grandes homens, aqueles!…

O animal devia ter sido acabado de ser arrancado da lezíria, onde crescia feliz. E viu-se de repente rodeado de tantos humanos, como nunca antes na sua vida. E o medo não o deixava mover-se dali, do centro da arena e das atenções das bestas.

Então, para mim, mesmo que me digam que é só uma brincadeira, que aquilo não faria mal ao pobre animal, eu fiquei com vergonha de ser da raça humana. Da mesma raça daqueles estúpidos cobardes.

Os espectáculos no circo - da célebre política do panem et circenses - do grande Coliseu de Roma acabaram.

E muito bem, porque vejamos, provocar sofrimento em outros seres, sejam estes homens ou animais, de uma forma consciente e deliberada, não pode servir de atracção. De entretenimento. É errado. Ponto final parágrafo.

Quando o Coliseu de Roma debutou a ser uma ruína, houve um salto civilizacional que se concretizou. Um salto igual um dia irá acontecer a todas as Plazas de Toros neste mundo inteiro.

Essa subida de nível da civilização já começou na Catalunha, em Espanha, país tão pleno de afición. E todos nós sabemos, mesmo os que vivem da festa brava - cavaleiros, toureiros, ganaderos, etc. -, que isso vai calhar a todos. Porque, mais uma vez recordo à saciedade, o sofrimento, a tortura, enquanto razão da existência dum espectáculo, é algo E-R-R-A-D-O!!!…

Só que há que fazer pela vidinha… E por isso os aficionados só esperam é que a extinção das touradas venha a acontecer nas gerações vindouras. Não na sua. E esperneiam. E invocam a tradição.

São tão-só uns grandessíssimos filhos de puta*.

Na nossa praça coabitamos amiúde com um comentador televisivo - que não vou nomear aqui, mas toda a gente o vai reconhecer - de quem posso afirmar até por vezes apreciar a sua voz reivindicativa.

Filho duma grande poetisa, da qual não terá herdado a sensibilidade. Só do pai terá recebido a rusticidade. E que se encarniça como um Rottweiler contra o PAN, Partido das Pessoas, Animais e Natureza. Que terá elegido como o seu ódio de estimação predilecto.

Sinto pena dele, ao vê-lo espumar da boca com raiva contra a razão pura… Não fica nada bem na fotografia, quando se transmuta num irreconhecível troglodita.

People, make no mistake. One day bullfighting shows will be banished. All over the world.

O mundo vai evoluir nesse sentido e todos nós o sabemos. Mesmo os que persistem vivendo em negação desse facto.
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* E aqui há que pedir perdão às concubinas, meretrizes e matriculadas desta vida, às quais eu presto o meu maior respeito e homenagem.

domingo, 28 de junho de 2020

• Dois recadinhos lá p'ra casa...

Dois recadinhos lá p'ra casa... Como soe ouvir-se apresentadeiros(as) de programas tv da manhã ou da tarde para entreter o povinho terem que dizer - de uma forma meio envergonhada, suponho - quando vão ter que falar e de associar a sua imagem pública a produtos ou serviços de empresas que patrocinam esses programas. Ou seja, de quem lhes paga os ordenados.

Há que fazer pela vidinha… sobretudo quando nos vendemos por um preço nada negligenciável.

Em cima vemos o recadinho para a malta que está deserta para se acrescentar a ajuntamentos que já têm gente a mais e fazer número. 

Porra!… Que sentido tem espaços amplos ficarem cheios a abarrotar com vários grupinhos de mamborreiros, cada grupo com a sua “doença”, bebendo e olhando feito basbaques uns grupos para os outros?… Não era mais lógico cada uma destas grupetas irem para um barzinho com ambiente mais cozy, mais a sua toca?… 

Ou agora para a malta do football… Ainda não aprenderam com esta crise pandémica, com aquilo a que estes estados de emergências vos obrigou, que podem muito bem passar sem essa merda*???… Faz-te á life, Juve Leo, Super Dragões, No Name Boys e outras abjectas corporações quejandas!…

Outro recadinho, em baixo, é sobre o uso da máscara cirúrgica. Fica assim para reforçar que é mesmo preciso usar máscara, gentchi!… E não é por vocês. É sobretudo para protegerem a nós, todos os outros, de vocês, dos miasmas que vocês podem transportar convosco. Todos podemos ter o bicho sem saber e sem ter os seus sintomas chatos.



Sejam rascas como eu, mas não em demasia, tá?…

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* Até o presidente da FPF, Federação Portuguesa de Futebol, já veio dizer publicamente que este desporto-espectáculo morreu, tal como existia antes da pandemia.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

• Cadastro?...

Não sei se fui só eu a reparar nesta tirada do nosso ainda ministro das finanças, que eu acho um bom pândego… 

Dizia ele isto a propósito de lhe perguntarem num telejornal em horário nobre se ele não julgava que haveria uma certa incompatibilidade entre a sua actual função e a presumível futura, a de governador do Banco de Portugal.


Eu aprecio bastante Mário Centeno, não haja aqui qualquer dúvida. Além da competência que demonstra na sua área profissional ser pelo menos bem acima da média - o que já não é pouco para um economista, ou seja um praticante de artes divinatórias - ele é ainda um senhor que tem resposta pronta para toda a provocação que venha por aí no seu caminho. Bravô! Bravô!…


Não, sr. Ronaldo das finanças, ter sido ministro - e principalmente no seu ministério - ainda não é cadastro. Ainda não. Mas dá que pensar esta sua frase…


É que, convenhamos, ser ministro das finanças, entre outras coisas, é ser o “padrinho” dum bando de malfeitores. De execráveis chefes de repartições de finanças, disseminados por todo o território. Que roubam, literalmente roubam milhares ou milhões de seus concidadãos. Sem dó nem piedade. À queima-roupa. Em nome de um sentido de estado, está certo… 


Para angariar verbas que serão postas ao serviço do bem comum, está certo, também… Mas roubam.


Eu fui espoliado por um safardana desses.


E gostaria de um dia ter hipóteses da minha causa ser ouvida. Mas se não for nunca… A vingança é um prato que se come frio.

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Nota: Caro Mário Centeno, nunca me hei-de esquecer desta sua gracinha, ao nomear um plano do seu ministério… Mas até lhe agradeço a deferência.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

• Copo meio cheio?...

…ou copo meio vazio? Ser ou não ser, eis a questão, uma vez mais.

Se o meu caro leitor, na sua indelével rasquice, não sabe nunca o que decidir pensar… Então aqui vai uma pequena ajuda bem providencial!…

Como se aconselha na ilustração aqui ao lado, em franciú, “Se só consegues ver o copo meio vazio, despeja o seu conteúdo para um copo mais pequeno e deixa de ser chato!…”.

Bom, dizer que* a tradução literal do vocábulo** “emmerder” não é bem “ser chato”. Mas dá para perceber, não?…

E com esta filosofia de vão de escada ou de tempo de pandemia despeço-me por hoje com amizade, até ao próximo post num blog perto de si.
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* Sou só eu que reparo nisto ou outras almas despertas - que por aí quiçá existam - reparam também que muitos repórteres tv debutam várias frases nas suas alocuções tão eruditas com este "Dizer que..."?... E que achar desta suposta recente moda da oralidade do português?... Não vos soa uma beka pirosa?... ou pimba?...

** E a páginas tantas até nem é traduzível...

segunda-feira, 1 de junho de 2020

• Criatividade em tempo de pandemia, parte 2

Um outdoor que pode ser visto na pobre da Pindorama, duramente atacada por esta pandemia… 

No comments. I mean, I’ve no more comments about this. But you readers, you may have. And should write them here in this blog. Please support my blogging activities, if you can. Bless ya!...

segunda-feira, 25 de maio de 2020

• Criatividade em tempo de pandemia

A Burger King poderia ser uma das minhas lovemarks, se não fosse eu já curtir a marca portuguesa H3.

Eu tanto consumo BK como a sua mais directa concorrente. Mas talvez prefira na maior parte das ocasiões saciar a fomeca na primeira destas duas yankee fast food big references.

O que se justificará pela sua criatividade demonstrada nesta época aziaga e em alguns países europeus.

A campanha publicitária da BK Itália é algo simplesmente sem palavras!…

Na Alemanha aquelas costumeiras coroas reais de cartolina oferecidas à disposição de todos nos restaurantes Burger King ganharam umas abas enormes, à laia de sombreros mariachis, que se revelam uma ajuda preciosa para melhor gerir este maldito mas tão necessário distanciamento social.


Em França, na Avenue des Champs Élysées em Paris - onde eu comi o meu primeiro Big Mac, muito antes de tal façanha ilustre vir a ser possível em Portugal - a BK e o McDo estão mesmo lado a lado.

Os criativos da conta da Burger King francesa acharam por bem mesmo enquanto todos os restaurantes tinham de estar fechados - por força do decretar o estado de calamidade ou de emergência, não sei bem qual, lá no Héxagone - não deixarem de querer comunicar com o seu target, ambicionando ao mesmo tempo cativar o target da sua concorrência da marca com os célebres arcos dourados.

No outdoor na fachada do restaurante BK aconselha-se toda a gentinha a manter o afastamento social em relação aos nossos vizinhos. E numa mensagem subliminar, diz-se nesta peça publicitária “Especially if he has a red nose”. Touché!...

Como bom cidadão rasca, compreendam que eu só posso aplaudir de pé estas sacanagens boladas pelo Advertising, meio onde eu já me movi em tempos idos, sem grandes saudades.

A vida dá muitas voltas, soe dizer-se... Mas quem de nós é que poderia imaginar alguma vez as putas das reviravoltas que todos nós de repente sofremos?...

sexta-feira, 8 de maio de 2020

• Bolsominions

Os “Bolsominions" é como passaram a ser denominados os cidadãos apoiantes - diria até fanáticos - do presidente Jair Bolsonaro, na gíria local do seu país, a Pindorama.

O muito bem bolado termo “Bolsominion” - como todos devem saber já, mas não é de mais explicar isto às pessoas que há muito deixaram de ser criancinhas - deriva dos Minions, esse pequeno exército de hirsutos seres amarelos - also known as Mínimos em Portugal, embora quase ninguém por cá tenha adoptado essa designação aportuguesada - que estão ao serviço nos filmes de animação da série “Despicable Me” - no Brasil chamam-lhe “Meu Malvado Favorito” e em Portugal “O Mal Disposto” - dos estranhos e terríveis projetos desse grande líder chamado Gru.

O autor deste blog patético também poderia muito bem ser apelidado de “O Mal Disposto”… Assim sou visto por muito boa gente... Mas não sou ainda tão famoso que justifique alguma outra alma dar-se ao trabalho de me pôr uma alcunha. Ainda não…

O autor deste blog, entre outras coisas, tinha até algumas semanas atrás uma franca actividade profissional como guia turístico. O que me impelia a ter que lidar e conviver com um significativo número de viajantes provenientes das terras de Vera-Cruz.

Muitos desses espécimens ou animais racionais eram genuínos Bolsominions. Mesmo quando aparentavam ser donos de alguma sagacidade.

No topo deste post disponibilizo um manual de bolso(naro) para entender quem ou como são os nossos turistas tupiniquins que pululavam por aí, até há uns tempos atrás, antes dos diversos confinamentos se terem implementado pelo mundo inteiro… 

Turistas esses que espero hão-de voltar. Com indivíduos em maior numero iguais à mulher de garra que se vê na pintura/meme aqui um pouco acima…

quarta-feira, 1 de abril de 2020

• Poisson d’Avril!…

Pois é, este ano nem há Dia das Mentiras, como soía haver.

Não há nada. Já não há “panem et circenses”. Agora só interessa o pão. E a saúde.

Como é que iremos no futuro reviver de novo eventos culturais, desportivos ou outros que reunam multidões?... Será que vamos sempre nos perguntar se precisamos disso?... Para quê ir a um concerto musical? Ou ao football? Não passámos todos bem sem o dispensado entertenimento?

terça-feira, 17 de março de 2020

• Codivarius*

A Al-Qaeda não teria feito melhor!…

A Al-Qaeda ou outra qualquer organização terrorista ou extremista, real ou fictícia**, não teriam feito melhor que este novo Coronavírus, se alguma vez tivessem planeado e executado um esquema maléfico para causar esta colossal reviravolta no mundo de hoje.

Sim, eu acredito em teorias da conspiração. Não, eu não acredito que tudo isto começou na cidade de Wuhan por acaso. Não, eu não acredito que há que forçosamente apontar o dedo aos chineses, quando chegar a hora de descobrir culpados ou responsáveis. Sim, eu acredito que pode ter havido uma mão invisível por detrás disto tudo.

No entanto, apesar deste meu pensamento desviante, venho hoje aqui dar maior divulgação a outra forma de pensar, mais positiva e despoluída. Quero, portanto divulgar a reflexão mais inteligente sobre toda esta crise que já vi até agora!...

O texto original em italiano pode ser consultado, clicando aqui.

Abaixo, este blog vai fazer uma beka de serviço público, reproduzindo a tradução em português e, também, em inglês, uma vez que ainda não vislumbrei nenhum anglófono internauta a prestar a devida atenção ao que disse Francesca Morelli, psicóloga italiana, no dia 10 do corrente mês de Março.

Aqui vai, primeiro em português:

Isto é o que o vírus está nos explicando
de Francesca Morelli

10 de Março de 2020
Fique em casa, dias e dias. Para lidar com um período em que perdemos valor, se não for mensurável em compensação, em dinheiro. Ainda sabemos o que fazer com isso? Paramos de caçar bruxas, imaginando quem é o culpado ou por que tudo isto aconteceu, mas nos perguntamos o que podemos aprender com isto. Por exemplo...

Acredito que o cosmos tem o seu jeito próprio de reequilibrar as coisas e as suas leis quando são viradas de cabeça para baixo.

O momento que estamos vivendo, cheio de anomalias e paradoxos, faz-nos pensar...

Numa época em que as mudanças climáticas causadas por desastres ambientais atingiram níveis preocupantes, a China em primeiro lugar e muitos países a seguir são forçados a bloquear; a economia entra em colapso, mas a poluição diminui consideravelmente. A qualidade do ar melhora, usamos máscaras, mas podemos respirar melhor…

Em um momento histórico em que certas ideologias e políticas discriminatórias, com fortes referências a um passado mesquinho, estão se reativando em todo o mundo, chega um vírus que nos faz experimentar que, em um momento, podemos nos tornar os discriminados, segregados, aqueles presos na fronteira, aqueles que carregam doenças. Mesmo se não tivermos a culpa. Mesmo se somos brancos, ocidentais e viajamos em classe executiva.

Em uma sociedade baseada na produtividade e no consumo, na qual todos corremos 14 horas por dia, não sabemos exatamente porquê, sem sábados ou domingos, sem mais vermelhos do que o calendário, a qualquer momento a parada chega.

Páre em casa, dias e dias. Para lidar com um período em que perdemos valor, se não for mensurável em compensação, em dinheiro. Ainda sabemos o que fazer com isso?

Numa fase em que o crescimento de nossos filhos é necessariamente delegado a outras figuras e instituições, o vírus fecha as escolas e nos obriga a encontrar soluções alternativas, a colocar mães e pais junto com seus filhos. Nos obriga a reconstruir a instituição família.

Numa dimensão em que as relações, a comunicação e a socialidade são desempenhadas principalmente no "não-espaço" do virtual, da rede social, dando-nos a ilusão de proximidade, o vírus tira o verdadeiro da proximidade, o real: que ninguém se toca, sem beijos, sem abraços, à distância, no frio do não-contacto.

Quanto tomamos como certo estes gestos e o seu significado?

Numa fase social em que o pensamento sobre o nosso jardim se tornou a regra, o vírus nos envia uma mensagem clara: a única saída é a reciprocidade, o sentimento de pertença, a comunidade, o sentimento de fazer parte de algo mais importante para cuidar de e que você pode cuidar de nós. A responsabilidade compartilhada, a sensação de que o destino depende não apenas de nós, mas também de todos ao nosso redor. E que dependemos deles.

Então, se pararmos de caçar bruxas, nos perguntando quem é o culpado ou porque tudo isto aconteceu, mas nos perguntarmos o que podemos aprender com isto, acho que todos temos muito em que pensar e nos comprometer.

Porque com o cosmos e suas leis, obviamente, estamos em profunda dívida. O vírus está explicando isto para nós, a um preço alto.

And now, for something completely different, in english:

This is what the virus is explaining to us
by Francesca Morelli

March 10, 2020
Stay at home, days and days. To deal with a time of which we have lost value, if it’s not measurable in compensation, in money. Do we still know what to do with it? We stop hunting witches, wondering who is to blame or why all this happened, but we wonder what we can learn from this. For example...

I believe that the cosmos has its way of rebalancing things and its laws when they are turned upside down.

The moment we are experiencing, full of anomalies and paradoxes, makes you think...

At a time when climate change caused by environmental disasters has reached worrying levels, China in the first place and many countries to follow, are forced to blockade; the economy collapses, but pollution drops considerably. The air quality improves, we use masks, but we can better breathe...

In a historical moment in which certain discriminatory ideologies and policies, with strong references to a petty past, are reactivating all over the world, a virus arrives that makes us experience that, in a moment, we can become the discriminated, the segregated, those stuck at the border, those who carry disease. Even if we are not to blame. Even if we are white, western and we travel in business class.

In a society based on productivity and consumption, in which we all run 14 hours a day, we don't know exactly what, without Saturdays or Sundays, without more reds than the calendar, at any moment, the stop comes.

Stop at home, days and days. To deal with a time of which we have lost value, if it is not measurable in compensation, in money. Do we still know what to do with it?

In a phase in which the growth of our children is, necessarily, often delegated to other figures and institutions, the virus closes schools and forces us to find alternative solutions, to put moms and dads together with their children. It forces us to rebuild the institution family.

In a dimension in which relationships, communication and sociality are played mainly in the "non-space" of the virtual, of the social network, giving us the illusion of closeness, the virus takes away the true one of closeness, the real one: that nobody touch each other, no kisses, no hugs, at a distance, in the cold of non-contact.

How much have we taken these gestures and their meaning for granted?

In a social phase in which thinking about one's garden has become the rule, the virus sends us a clear message: the only way out is reciprocity, the sense of belonging, the community, the feeling of being part of something more great to take care of and that you can take care of us. The shared responsibility, the feeling that the fate depends not only on us but also on everyone around us. And that we depend on them.

So if we stop hunting witches, wondering who is to blame or why all this has happened, but we wonder what we can learn from this, I think we all have a lot to think about and commit to.

Because with the cosmos and its laws, obviously, we are in deep debt. The virus is explaining it to us, at a high price.

Complementarmente, podem escutar uma vez mais esta mensagem num vídeo com legendas e locução em espanhol, clicando aqui.

Vá, já que temos todos - todos menos quem trabalha em hospitais - muito tempo disponível de repente, vamos lá reflectir sobre o sentido da vida.

Esta crise está a obrigar-nos a pensar melhor em como gastar o nosso tempo, bem muito precioso.

Afinal, andamos todos a correr para quê?...

Tu e eu estamos a ir todos os dias trabalhar para quê? O valor do nosso trabalho é hoje em dia tão rapidamente dispensado em face de valores mais altos, como a saúde colectiva da comunidade em que vivemos.

Quão vãs são tantas actividades humanas nos dias de hoje… Até esta azáfama deste insano blogger é vã. 
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* “Codivarius” é igual a “Coronavírus”, na linguagem da senhora minha mãe, que sempre teve esta mania de renomear certas buzzwords que entram na moda no nosso linguajar comum.

** Digo fictícia porque sempre suspeitei que a dita Al-Qaeda nunca passou de um nome que era preciso dar a um bode expiatório que tinha de ser inventado e apontado, para justificar actos apaziguadores de opiniões públicas sedentas de vinganças.