sexta-feira, 12 de maio de 2023

• Óbvio ululante

Recebi uma mensagem de email, à laia de carta aberta para acordar todos os cidadãos russos, bem como manifestar que ainda há vozes discordantes naquela grande nação que perdeu a noção.

Eis a ideia essencial que resume essa longa mensagem:

Если мы хотим мира, то мы не должны воевать, мы не имеем права бомбить мирные города, мы не имеем права убивать наших братьев!

Aqui vai a tradução para inglês*: If we want peace, then we should not fight, we have no right to bomb peaceful cities, we have no right to kill our brothers!

Isto faz-me pensar que ainda há esperança. Ainda há dentro das fronteiras russas quem use o cérebro e mais do que isso, quem tenha a coragem de dizer o óbvio ululante.

E eu não consigo compreender quem na esfera dos países ditos ocidentais diga que defende a paz mas incita um estranho e inesperado ódio contra um dos lados, os coitados dos ucranianos, que mais não fazem do que ter de se defender de ataques brutais, desmesurados e, até de certo modo, cobardes da parte da Rússia. Ou melhor, de Putin e dos seus orcs.

Porque é que alguém há-de ir na cantiga deste novel candidato a anti-Cristo que repete à exaustão que os ucranianos são neo-nazis?… Já ouvimos uma história do género, as tais armas de destruição maciça, para justificar a invasão do Iraque pelos USA, a liderar uma coligação com outros exércitos. Já não se engolem tais bodes expiatórios.


Porquê tanta aversão injustificada a Volodymyr Zelenskyy?… Acaso seriam também contra a resistência que Viriato moveu ao ocupante império romano?… Ou talvez preferissem que a dinastia filipina nunca tivesse findo em 1640…

Como é que alguém com dois palmos de testa pode ficar do lado de quem pratica esta guerra de terror onde se larga fogachada sobre áreas urbanas pela vã glória de poder dizer que se tem o domínio de cidades de pequena ou média dimensão? Ou até mesmo patacas aldeias ou simples zonas rurais?… 

Como é que toda esta insensatez ainda não teve um fim?…

E como não reconhecer e até admirar o extraordinário estoicismo do povo ucraniano, ao não desistir de resistir e ripostar a estas cínicas e bárbaras agressões?…


Não será tão óbvio de que lado é que todos deveríamos estar?…

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* Constante no texto da mesma mensagem de email.