quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

• Apatia

É o que sinto. Apatia. Desinteresse por tudo. Autismo social. O mundo em meu redor em efervescência e eu sem ligar pevide.

Brexit, gilets jaunes, shutdown, a crise social na Venezuela, o cancro chamado bairro da Jamaica, etc.. E eu não quero saber muito de nada dessas tretas todas.

Refugiei-me nas notícias sobre um evento desportivo nos antípodas. Down under. O Australian Open. O acontecimento a que mais ligo nos meses de Janeiro destes últimos anos. O resto pouco me interessa.

Este ano tivémos o João Sousa a fazer um pouco mais do que em todos os outros anos da sua carreira. Chegou a umas semifinais dum Grand Slam. Mesmo que isso seja apenas em pares masculinos, já não é mau de todo. 

É claro que atingir a final seria ainda melhor. E esteve ao seu alcance. Mas tinha logo de ser travado por um gajo que é finlandês e a viver em Tallinn, na Estónia… Henri Kontinen, a fazer par com um aussie. Henri Kontinen que eu passei a admirar depois de ter ganho Wimbledon em pares mistos em 2016. A par com uma tenista inglesa com a qual nunca tinha jogado antes uma só partida antes do torneio. É o que se chama um “instant couple” de sucesso também instantâneo.

Em singulares o João Sousa foi travado por outro tipo que assaz admiro, Kei Nishikori

Ou não fosse ele um nipónico samurai... Quando se fala dele lembro-me sempre dum artigo que li numa revista americana nos anos 80 sobre a evolução lenta do tennis no país do sol nascente. Dizia-se que o Japão não parecia que iria conseguir alguma vez produzir campeões mundiais neste desporto. Agora tomem lá, yankees, com o Kei e sobretudo com a Naomi Osaka!...

Agora, durante estas duras duas semanas de verão austral em Melbourne o personagem que mais me prendeu a atenção foi o que apelidam de El Greco. Stefanos Tsitsipas.

Este helénico filho de mãe russa vai longe. Vai deixar rapidamente de ser o que eu chamo de "figurante das primeiras três rondas". O João Sousa também podia ter ido longe no início de se ter tornado pro. Agora já se vai fazendo tarde… Mas o Stefanos tem ar de quem não vai deixar passar as oportunidades que se lhe depararem de futuro. 

Foi cilindrado pelo Rafa, é certo. Mas acredito que sabe agora como o bater. O grego aprende. E depressa. E já está na hora do Rafa passar o testemunho em Roland Garros. Leiam bem o que vos digo, que me sinto possuído em modo Nostradamus!…

Como confessei num recente post doutro dos meus blogs, a minha inspiração para a escrita está a demorar a recomeçar neste novo ano de 2019. Então, em vez de assuntos sobre política mundial ou local, vai de discorrer sobre desporto. Mas ao menos desta feita não sobre o ópio do povo. Antes sobre tennis, um sport que sempre foi de cavalheiros e jogado por cavalheiros. Better than rugby and football.

And way better than politics.