sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

• Les gilets jaunes

Se há povo que gosta de uma boa revolução, esse povo é o francês.

Estes gauleses, que são loucos segundo o próprio Obélix, já nos deram esse importante marco da história universal que foi a Revolução Francesa, no séc. XVIII. Que começou com a tomada da Bastilha, onde muitos homens bons estavam arrecadados injusta e prepotentemente.

Depois no século passado deram-nos o Maio de 68. Que começou com uns protestos inconsequentes de estudantes universitários. E que alastrou depois a toda a população, sobretudo à classe operária.

Agora no séc. XXI temos um protesto que começou com camionistas por causa dum aborrecedor imposto sobre os combustíveis diesel, mas que até é bem intencionado, por pensar no ambiente. Parece é que a coisa foi a gota que fez transbordar o copo. 

E fez com que este movimento expontâneo e profundamente anárquico dos gilets jaunes passasse a contagiar toda uma classe média e média baixa, englobando até reformados, habitualmente cidadãos bem pacatos e que não têm tanta tendência a sair á rua e gritar pelos seus direitos. Tudo é reivindicável, hoje em dia.

Até mesmo isto, algo que me toca particularmente. Alguém que se lembrou de reivindicar um fisco mais justo, vejam só!... Singular e inusitado grito este, escrito nas costas do colete amarelo dum cidadão sénior de Rennes*, visto na foto ao lado.

Não há como os franceses para praticar a desobediência civil. Pour eux y a rien de mieux que une belle bagarre.

Em boa verdade, não há cidadãos mais rascas do que os franceses.

Liberté, Égalité, Fraternité. 


Este lema em essência é muito bonito. E temos a França como um dos estados mais democráticos deste mundo. A França como um dos baluartes deste planeta no progresso social e civilizacional. Tudo bem. E no entanto o pobre do povo francês não é feliz. Dá que pensar.

Français, il vous manque beaucoup d’amour.
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* Rennes, cidade capital da Bretanha francesa, ou melhor, Breizh. Que me é muito querida, pois já lá vivi.